É normal um cachorro fazer xixi enquanto dorme?

É normal um cachorro fazer xixi enquanto dorme?

Os cachorros podem fazer xixi dentro de casa por uma grande variedade de motivos, mas quando o xixi escapa apenas enquanto eles estão dormindo, estamos diante de um caso de incontinência urinária, que está mais relacionada a problemas de saúde orgânica e/ou cognitiva do que a possíveis problemas emocionais ou à falta de educação.

Um cachorro com incontinência urinária jamais fará xixi de propósito, pois é algo que o animal não consegue controlar. Por isso, esses "escapes" acontecem com frequência quando o animal está dormindo, já que nesse estado ele não presta atenção aos estímulos e não consegue conter a urina de forma voluntária. Se o seu cachorro faz xixi durante a noite ou quando está descansando tranquilamente, a primeira coisa que você deve fazer é levar ao veterinário para que ele faça os exames necessários e consiga diagnosticar a origem do problema.

No entanto, se você se interessa por esse assunto e deseja obter mais informações, neste artigo do PeritoAnimal contamos se é normal um cachorro fazer xixi enquanto dorme e quais tratamentos são mais eficazes em cada caso.

Problemas hormonais após castração em cadelas

Segundo um estudo publicado em 2019[1], as cadelas submetidas a uma ovariohisterectomia, ou seja, aquelas das quais foram retirados o útero e os ovários, têm três vezes mais chances de desenvolver incontinência urinária do que as cadelas que não foram castradas.

Isso acontece porque os hormônios sexuais exercem certo controle sobre o sistema urinário e os músculos do esfíncter urinário, e ao eliminar esse aporte hormonal, perde-se esse controle. Embora não seja muito comum, é uma das complicações que podem surgir após a castração das fêmeas, e sabemos que existem algumas raças mais propensas a sofrer esse problema, como o doberman, o vizsla e o boxer. Também é mais provável que isso aconteça em cadelas de grande porte.

O que fazer?

Se sua cadela faz xixi dormindo pouco tempo após ser castrada, você deve comentar isso com seu veterinário, de preferência com o mesmo que a operou, para que ele avalie se, de fato, a esterilização causou a incontinência e prescreva um tratamento. Felizmente, uma incontinência de origem hormonal não representa risco para a saúde da cadela, mas exige um tratamento farmacológico a longo prazo.

Infecção urinária

A cistite e outras infecções do trato urinário podem fazer com que seu cachorro elimine pequenas quantidades de urina com frequência, tanto quando está acordado quanto quando está dormindo. Isso ocorre, primeiramente, porque a inflamação e irritação da bexiga e da uretra provocam no animal a constante sensação de necessidade de urinar.

Além disso, pode causar espasmos na mucosa e nos músculos que dificultam o controle do esfíncter pelo cachorro, que passará a deixar escapar gotas de urina involuntariamente. Se a infecção se agravar, a incontinência pode piorar até o ponto de o animal urinar até mesmo estando dormindo.

Lembre-se de que a cistite é dolorosa para o cachorro, pois ele sente uma forte irritação sempre que urina. Além disso, se não for tratada a tempo, as bactérias causadoras da infecção podem proliferar e acabar afetando os rins ou outros órgãos do animal.

O que fazer?

Normalmente, uma análise de urina completa costuma ser suficiente para que o veterinário determine a presença de uma infecção, tratada com antibióticos e anti-inflamatórios. Em alguns casos, também é recomendado alimentar o animal com rações especiais que ajudem a acidificar a urina ou com suplementos, como a vitamina C.

Não deixe de conferir nosso post sobre "Infecção urinária em cães".

Polidipsia

Outra causa que explica por que um cachorro fazer xixi enquanto dorme é a diabete e outras patologias que causam polidipsia.

A polidipsia é definida como um aumento anormal da sensação de sede que faz com que o animal consuma grandes quantidades de água. A diabetes mellitus é uma das patologias que mais frequentemente cursa com polidipsia, e é normal que os animais que desenvolvem essa patologia bebam mais água e, consequentemente, urinem mais.

O mais comum é que esse aumento na necessidade de urinar se manifeste durante os passeios ou que o cachorro comece a se urinar dentro de casa por não conseguir segurar, mas em alguns casos, ele pode até chegar ao ponto de urinar na própria cama enquanto dorme. Isso nos leva a questionar: por que meu cachorro não aguenta o xixi durante a noite? Além da diabete, outras patologias podem provocar um aumento na produção de urina, levando o animal a sofrer de incontinência urinária.

Exemplos incluem:

  • Síndrome de Cushing;
  • Síndrome de Addison;
  • Piometra.

O que fazer?

Em qualquer um desses casos, será necessário realizar uma série de exames veterinários para chegar ao diagnóstico definitivo antes de iniciar o tratamento. Geralmente, um exame de sangue, um exame de urina e uma ultrassonografia abdominal são os exames de escolha para realizar o diagnóstico diferencial e iniciar o tratamento farmacológico ou cirúrgico correspondente, conforme o caso.

Neoplasias

Infelizmente, a presença de tumores é uma causa que não podemos descartar no caso de o seu cachorro fazer xixi enquanto está dormindo. Geralmente, os tumores que causam problemas de perda de urina estão localizados em algum ponto do trato urinário ou em áreas adjacentes. À medida que crescem, eles podem comprimir a bexiga e causar a saída involuntária da urina.

Se o tumor crescer dentro da própria bexiga, ele impede que ela se encha corretamente, e a urina tem muito menos espaço para se acumular, fazendo com que o animal urine com mais frequência do que o habitual. Podemos até ver o cachorro urinando dentro de casa, algo que antes não acontecia.

Por outro lado, também existe a possibilidade, muito menos provável, de o tumor afetar o sistema nervoso e, consequentemente, o controle dos esfíncteres. Nesse caso, também ocorreria uma perda da voluntariedade da micção e a urina escaparia a qualquer momento, mesmo quando o cachorro estivesse dormindo.

O que fazer?

Os tumores devem sempre ser avaliados com exames como ultrassonografia ou tomografia computadorizada (TC). Em muitos casos, as massas podem ser removidas cirurgicamente, resolvendo o problema. Isso é muito mais fácil de fazer se o tumor for detectado em estágios iniciais, quando ainda é pequeno e localizado. Por isso, é fundamental levar o cachorro ao veterinário assim que os primeiros sintomas aparecerem.

Infelizmente, se o tumor afetar o sistema nervoso, as chances de recuperação são muito mais limitadas, mas um tratamento paliativo pode ajudar o animal a manter uma melhor qualidade de vida.

Síndrome de disfunção cognitiva

A síndrome de disfunção cognitiva é uma doença degenerativa que aparece em alguns cachorros quando atingem idades avançadas. Basicamente, é uma degeneração lenta, mas contínua, do sistema nervoso central do animal, que se assemelha em muitos aspectos à demência senil ou à doença de Alzheimer que os seres humanos podem sofrer.

Essa degeneração neuronal faz com que os cachorros apresentem algumas alterações no comportamento, como, por exemplo:

  • Se desorientar com facilidade;
  • Esquecer regras e truques que antes conheciam;
  • Latir com maior frequência;
  • Sofrer alterações no sono;
  • Ter incontinência urinária.

Se o seu cachorro tem mais de oito anos e você notou que ele começou a agir de maneira estranha e a urinar dentro de casa, algo que antes não fazia, é possível que esteja começando a desenvolver essa síndrome.

O que fazer?

Para fazer o diagnóstico, o veterinário descartará primeiro a presença de outras patologias por meio de exames de imagem, avaliações clínicas e exames neurológicos. Além disso, ele levará em conta o histórico clínico do paciente e seu estilo de vida e poderá pedir que você grave alguns dos comportamentos do cachorro em casa para análise.

Se, finalmente, o diagnóstico for confirmado, você deve saber que a doença não pode ser curada nem revertida, mas existem tratamentos que retardam o avanço e ajudam o cachorro a manter uma melhor qualidade de vida. Esses tratamentos incluem o uso de nutracêuticos e medicamentos, exercícios de modificação de comportamento, enriquecimento ambiental e uma dieta terapêutica apropriada para o animal.

Pedra na bexiga

Às vezes, fatores como uma dieta inadequada, uma infecção urinária mal tratada, falta de hidratação, predisposição genética ou alguma patologia prévia podem favorecer a formação de pedras ou cálculos no sistema urinário. Essas pedras se acumulam nos rins, ureteres ou na bexiga e causam alterações que afetam a produção e/ou a eliminação da urina.

Uma das manifestações mais frequentes em cães é a presença de cálculos de estruvita ou oxalato de cálcio na bexiga. Essas formações minerais, com forma de pedras de tamanhos variados, costumam causar danos na mucosa, que fica irritada e sofre lesões, além de ocupar o espaço da urina, que não pode se acumular normalmente, fazendo com que o cachorro urine com mais frequência do que o normal.

À medida que os sedimentos crescem e se acumulam, o cachorro pode desenvolver uma incontinência cada vez mais grave, até o ponto de deixar escapar urina enquanto dorme, de forma inconsciente, claro.

O que fazer?

Neste caso, o tratamento dependerá da gravidade da situação. Se as pedras forem pequenas e em pequena quantidade, é comum optar por um tratamento mais conservador, que consiste em alimentar o animal com uma ração especial e administrar suplementos que ajudem a dissolver e eliminar os cálculos. No entanto, se as pedras forem grandes ou representarem um risco importante para o animal, a melhor opção é a remoção cirúrgica.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Pegram C, O'Neill DG, Church DB, Hall J, Owen L, Brodbelt DC. Spaying and urinary incontinence in bitches under UK primary veterinary care: a case-control study. J Small Anim Pract. 2019 Jul;60(7):395-403. doi: 10.1111/jsap.13014. Epub 2019 Apr 29. PMID: 31037739; PMCID: PMC6850460.