Doenças neurológicas em cães

Doenças neurológicas em cães

O sistema nervoso é extremamente complexo, podemos descrevê-lo como o centro de operações do resto do corpo, regulando as suas funções e atividades. As doenças neurológicas em cães podem responder a um grande número de causas e, em muitas delas, a velocidade de ação é crucial para evitar lesões graves e/ou irreversíveis. Portanto, será muito útil saber como detectar quando o nosso amigo peludo sofre uma alteração neurológica.

Neste artigo do Perito Animal, detalhamos 7 sinais que podem indicar um problema neurológico em nosso cão. Em qualquer caso, devemos ter em mente que os sinais podem ser facilmente confundidos com aqueles que ocorrem em doenças associadas a outros órgãos. Por isso, é aconselhável entrar em contato com o veterinário para iniciar o plano de diagnósticos o mais rápido possível. Se, finalmente, for constatada uma doença neurológica, podemos localizar a lesão corretamente, pois, o prognóstico e o tratamento dependerão disso. Continue lendo e descubra como detectar doenças neurológicas em cães.

1. Fraqueza ou paralisia das extremidades

A paralisia das extremidades é um dos possíveis sinais de doenças neurológicas em cães idosos. Com a fraqueza, geralmente, aparece a dor em uma ou mais extremidades. Quase sempre progressivo quando se trata de um problema degenerativo, por desgaste crônico das articulações, mas também pode ser devido a um problema de tipo neurológico em que essa fraqueza pode chegar uma paresia (ou ausência parcial de movimento) ou plegia (completa ausência de movimento).

Se a ausência parcial de movimento afetar os membros posteriores, será chamada de paraparesia e tetraparesia se atingir todas as 4 extremidades. A mesma denominação se aplicaria à ausência total de movimento, porém, com a terminação -plegia (paraplegia ou tetraplegia, respectivamente).

Esta falta parcial ou total de movimento pode ser causada por um estado de doença degenerativa das articulações em que ocorre compressão da medula espinal ou por outras causas (seja infecção, trauma, discos herniados, etc.), nos quais a idade será mais variável. Por isso, é essencial chegar ao diagnóstico correto para encontrar a localização exata da lesão, a sua origem e, assim, oferecer ao paciente a melhor solução possível.

Se o seu cão apresenta claudicação intermitente, debilidade do membro anterior ou posterior, se não está tão animado para se mover como antes, se ele reclama ao manusear o quadril, joelho ou outra articulação, ou ainda mais grave, se é difícil ou impossível ficar de pé, é muito importante ir ao veterinário para realizar os testes necessários.

O mais provável é que realizem um exame completo (tanto físico como neurológico), exames de imagem, tais como raios-X ou TAC/ RMN e, possivelmente, alguns testes de laboratório como uma análise completa, ou uma punção da medula. De acordo com a(s) causa(s), o tratamento será muito diferente, desde farmacológico, cirúrgico, com fisioterapia, etc.

2. Convulsões

As convulsões em cachorros podem ser de dois tipos:

  • Parcial: Podem aparecer alterações motoras, cachorro tremendo a cabeça, contração de uma extremidade, abertura involuntária das mandíbulas, etc. Podem ou não ser acompanhadas de mudanças de comportamento como caçar "moscas imaginárias", latir sem motivo, perseguir a cauda, ​​mostrar agressividade sem ser ameaçado, etc. Crises parciais podem se tornar generalizadas.
  • Generalizada: neste tipo de convulsões, costumam aparecer perturbações motoras, porém, desta vez afetando uma maior extensão do corpo, tais como contrações involuntárias do músculo, rigidez do pescoço e extremidades, animal em decúbito, abertura da boca, pedalar e também podem ocorrer manifestações vegetativas, como micção / defecação ou ptialismo (excesso de salivação) e até perda de consciência ou perda momentânea do tônus ​​muscular.

Após a convulsão e antes dela, também podemos notar que o animal fica inquieto, agressivo, com lambidas compulsivas, etc.

Se o seu cão tem uma convulsão generalizada com duração superior a 2 minutos, que aumenta a frequência das mesmas, que a gravidade aumenta ou que ele não se recupera corretamente após um episódio (ou vários seguidos), devemos ir com urgência ao veterinário, pois pode ser uma emergência vital.

Em qualquer caso, antes de um ataque total ou parcial, é importante ir ao veterinário para realizar o diagnóstico e tratamento adequado (um deles é a epilepsia, no entanto, devemos ter em mente que existem muitas outras causas que podem ocasionar esses episódios, incluindo alterações vasculares, metabólicas, intoxicações, traumatismos, etc).

3. Alterações da marcha

Perceber alterações na marcha do cão, que também poderia ser definida como mudanças ou anomalias na sua forma de caminhar, pode ser um sinal de que o nosso cão sofre de problemas neurológicos. Geralmente podemos apreciar:

  • Ataxia ou descoordenação: este tipo de marcha anormal em que os membros perdem a sua coordenação, podemos observar quando o paciente se inclina para um lado, o seu curso se desvia, que ao tentar andar seus membros se cruzam, ou que arrasta alguns das extremidades, tropeça ou é incapaz de realizar um movimento específico. Tal alteração pode ser provocada pelas lesões em áreas diferentes do sistema nervoso e é importante uma boa localização da mesma, novamente.
  • Movimento em círculos: geralmente associado a outros sintomas e pode ser por causa de lesões em vários locais do sistema nervoso. Não teria grande importância se o cão faz esse movimento durante a brincadeira, antes de ir para a cama ou de forma habitual. Contudo, se observamos que ao tentar andar só pode se mover girando em uma direção, o faz continuamente e parece não controlar o movimento é quando devemos nos preocupar e ir ao veterinário.

4. Alteração do estado mental

Nos casos em que há uma alteração ao nível do Sistema Nervoso Central (cérebro ou tronco cerebral), é comum que o animal tenha um estado mental alterado: podemos vê-lo decaído, pois, ele quase não interage com o ambiente ou pode ficar parado, pressionando a cabeça contra a parede ou alguma mobília (o que é conhecido como head pressing). Existem manifestações muito diversas das doenças do sistema nervoso.

Em geral, um animal saudável apresentará um estado de alerta (responde adequadamente aos estímulos presentes no ambiente). Se está doente, pode apresentar um estado mental deprimido (estará sonolento, porém, acordado, alternando períodos de inatividade com outros de curta atividade). Em estupor (parece adormecido e só responde a estímulos nociceptivos ou dolorosos) ou comatoso (o animal encontra-se inconsciente e não responde a nenhum estímulo). Dependendo da gravidade, pode ou não ser acompanhado por outras mudanças comportamentais.

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5. Cabeça inclinada

Pode ser acompanhado por outros sintomas, como estrabismo ou nistagmo patológico (movimento ocular involuntário e repetitivo, seja na horizontal, vertical ou circular e geralmente afeta ambos os olhos), movimento em círculos, perda auditiva ou equilíbrio. Está frequentemente associado a uma lesão no ouvido interno, conhecida como síndrome vestibular canina. Se o seu cão tiver idade avançada ou teve otite grave e você perceber que a cabeça está inclinada, consulte o veterinário para avaliar a condição do seu animal e fazer o diagnóstico.

6. Tremores generalizados

Se o cão apresenta tremores em situações não fisiológicas, isto é, sem estar com frio ou em repouso, devemos nos alertar e observar quando isso acontece, se possui outros sintomas e ir ao nosso veterinário com toda essa informação. Para este tipo de alterações, o suporte audiovisual é muito útil, como a realização de vídeos, para auxiliar no diagnóstico.

7. Alteração dos sentidos

Além de tudo o que já foi mencionado, alguns sinais de problemas neurológicos em cães jovens, adultos ou idosos, pode ser a alteração dos sentidos:

  • Olfato: o cão não mostra nenhum interesse em algo a menos que ouça ou visualize, não fareja, se oferecer um prêmio que não pode ver, não o detecta, ou diante de um odor forte, que costuma não gostar (como o vinagre), ele não mostra rejeição. Pode ser um sinal de que o nervo olfativo está ferido e deve ser examinado por um veterinário.
  • Visão: existem diferentes nervos envolvidos. Se notamos que, de repente, o nosso animal parece não ver corretamente (mostrando-se mais inseguro ao andar, batendo em coisas, tropeçando nos degraus, etc), o veterinário deve realizar um exame neurológico e oftalmológico completo para determinar a causa.
  • Audição: com a idade, o nosso cão pode perder gradativamente a audição por degeneração das suas estruturas. No entanto, também pode ser devido à lesão do nervo e, mais uma vez, as causas podem ser diversas (o que temos descrito acima é conhecido como síndrome vestibular) e, muitas vezes, é acompanhada de alterações no equilíbrio, já que ambos sentidos estão intimamente relacionados.
  • Dificuldade em engolir ou lamber também pode responder a uma desordem neurológica. Pode ser acompanhada por sialorreia (salivação excessiva) ou assimetria facial.
  • Tato: um animal com uma lesão neurológica ao nível da coluna vertebral pode perder a sensibilidade, bem como as habilidades motoras. Por exemplo, pode apresentar uma ferida, arrastar um membro e não mostram nenhum desconforto ou dor, podemos tocar uma área sensível, sem que reaja, etc., no entanto, também pode ser o caso oposto, ou seja, aumento da sensibilidade, formigamento ou dor neuropática que pode ocasionar uma lesão grave.

O que devo fazer se o meu cão tiver problemas neurológicos?

Se detectamos um ou vários desses sinais de doenças neurológicas em nosso cão, será de vital importância consultar o veterinário, que avaliará o caso e poderá encaminhar-nos a um especialista em neurologia para realizar os testes neurológicos em cães que ele considera pertinentes. A resposta à pergunta "doenças neurológicas em cães tem cura?" também depende da doença em questão e apenas o médico veterinário neurologista pode responder a essa pergunta.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia

- Rodrigo Esteban Tello. 2016. "Manual clínico de examen neurológico en el perro". p-1-57.