Doenças mais comuns em periquitos australianos

Doenças mais comuns em periquitos australianos

Os periquitos australianos, também conhecidos como periquitos comuns, são uma das aves de companhia que leva mais anos em nossas casas, poucos podem dizer que nunca entraram numa casa onde existisse um casal destes pássaros coloridos.

Apesar de os associarmos a longevidade e sociabilidade, a vida em cativeiro também tem as suas consequências negativas e é cada vez mais frequente encontrarmos estas aves como pacientes nas clínicas veterinárias. São inúmeras as patologias que aparecem devido a um maneio inadequado. Por isso, neste artigo, o PeritoAnimal resume as doenças mais comuns em periquitos australianos e como preveni-las!

Sarna knemidocóptica

O ácaro do gênero cnemidocoptes é o responsável por esta doença tão comum nos periquitos australianos, que provoca uma hiperqueratose ou o engrossamento da pele das patas e da cera do bico.

O sobrecrescimento dérmico pode dar a sensação de "escamas nas patas", como se menciona no artigo do PeritoAnimal sobre ácaros nos canários, e pode deformar o bico do animal se progredir sem tratamento.

Um raspado das lesões permite observar ao microscópio este ácaro, o que auxilia o diagnóstico junto com as leões tão caraterísticas.

Como se trata?

A ivermectina costuma ser o tratamento mais eficaz, podendo ser administrada via intramuscular, subcutânea ou até via oral. Nos casos em que a sarna é localizada, ou numa fase mais inicial, pode ser aplicada e forma tópica, veiculada em algum óleo, como o da árvore do chá, mas é mais complicado controlar a dosagem exata com este método, existindo o risco de sobredosagem.

Pode ser recomendado repetir o tratamento no final de um par de semana, sendo por vezes utilizada uma terceira aplicação.

Falta de iodo

A falta de iodo na dieta pode afetar os periquitos que consomem exclusivamente uma mistura de sementes pouco variada, sobretudo quando a fração mais abundante é o milho. O escasso aporte de iodo ao longo do tempo pode conduzir a uma carência deste elemento fundamental para sintetizar hormonas tiroideias por parte da glândula da tiroide, ou seja, um hipotiroidismo secundário.

A glândula se hipertrofia para tentar manter a produção de hormonas tiroideias, provocando o típico abaulamento disco no pescoço. Podemos notar um "caroço no pescoço" e alterações na voz, dificuldade em respirar, regurgitação da comida, devido ao crescimento excessivo da tiroide que provoca compressão da traqueia e do esófago.

Como se trata?

A suplementação de iodo na água do bebedouro em forma de gotas de lugol simultaneamente com uma alteração da dieta, costuma ser suficiente. É importante relembrar que ao adicionar fármacos na água, não devemos dar demasiada fura ou alface ao periquito, pois contêm muitos líquidos, o que lavará a que diminua a necessidade de recorrer ao bebedouro.

Como se pode prevenir?

Uma alimentação variada, na qual se evita que o animal selecione o que mais gosta, é fundamental para prevenir o desenvolvimento desta doença comum em periquitos australianos. Algumas verduras contêm iodo suficiente, de forma que fornecendo estes alimentos ao animal duas ou três vezes por semana está ajudando a prevenir o aparecimento deste problema, além de estar promovendo uma dieta equilibrada. Os espinafres podem ser uma escolha interessante para dar ao seu periquito duas ou três vezes por semana, retirando sempre o que ele não come ao fim de algum tempo e evitando o abuso dele. Para mais informações confirma a lista de frutas e verduras para periquitos.

Clamidiose

A infeção por Chlamydia psittaci pode ser subclínica, sendo os nossos periquitos portadores sem sintomas. Geralmente se desenvolve após situações de estresse (superlotação, mudanças ambientais, doenças, falta de higiene...). Esta bactéria se excreta nas fezes, urina, secreções nasofaríngeas e nasais, e pode originar portadores crônicos que a eliminam de forma intermitente transmitindo ao ambiente, contagiando os seus congêneres.

Quais são os sintomas da clamidiose aviária?

Os sinais respiratórios e, por vezes, hepáticos são indicativos, entre outros, desta infeção:

  • Conjuntivite
  • Dispneia (dificuldade em respirar, bico aberto)
  • Ruídos respiratórios
  • Biliverdinuria (fezes e urina de cor verde, o que pode indicar uma infeção do fígado)
  • Diarreia
  • Em casos mais graves, apatia, letargia e anorexia

Diagnóstico

Para o diagnostico se combina a observação dos sinais clínicos e com provas específicas como um teste serológico no qual se mede o aumento de imunoglobulinas M, ou uma técnica de laboratório denominada PCR que evidencia o material genético da bactéria presente nas fezes e o exsudado faríngeo do periquito.

A recolha de amostras sanguíneas costuma ser um grande auxílio, sendo possível observar um aumento nos leucócitos e, na bioquímica, os parâmetros hepáticos costumam estar elevados. Nem todas as infeções por Chlamydia têm a mesma gravidade, depende do tipo de bactérias (há diferentes subespécies dentro da que conhecemos como Chlamydia) e muitas vezes se transforma numa infeção cronica em forma de problemas respiratórios constantes, por exemplo.

Tratamento

O uso de doxiciclina, um antibiótico da família das tetraciclinas, é o tratamento mais eficaz que se conhece para tratar esta doença tão comum em periquitos australianos. Deve ser administrada durante cerca de 45 dias, podendo ser aplicada uma injeção intramuscular do composto, embora tenha um risco elevado de produzir danos no tecido (necrose). É apenas utilizado em casos mais graves em que é necessário um tratamento inicial mais agressivo. Apesar disso, se não existir outra forma, se pode optar por uma injeção de doxiciclina a cada 7 dias, durante 7 semanas seguidas, nos músculos peitorais.

A forma de tratamento de eleição é a via oral, diretamente no bico com xarope de doxiciclina, ou adicionar a solução em pó que resulta da trituração das pastilhas de doxiciclina na mistura de sementes, utilizando algum solvente para que o pó adira à superfície das mesmas.

Prevenção

Evitar o estresse, ambientes com falta de higiene, sobrepopulação de aves e a introdução de novos indivíduos sem quarentena ou de procedência desconhecida é fundamental. A limpeza volta a ser um aliado chave neste ponto.

Recordamos que pessoas que trabalham com grupos de aves, os veterinários, ou as pessoas com contato direto com periquitos (proprietários com um numeroso grupo), podem ser afetados por essa bactéria, por isso se considera uma zoonose.

Parasitas internos

Não é habitual existir uma parasitose interna nos nossos periquitos de companhia, mas pode se observar em aves que vivam em voadeiras com chão de terra e com um número elevado de aves.

  • Parasitas microscópicos: como Giardia, ou Coccidios podem afetar os nossos periquitos, dando lugar às típicas diarreias intermitentes ou agudas, plumagem cloacal suja, perda de peso, apatia... Um exame das fezes ao microscópio permite observar as Giardias ou as formas reprodutivas dos Coccidios, respetivamente. O isolamento do animal doente, uma desinfeção a fundo e o tratamento da ave com toltrazuril (Coccidios) e metronidazol ou febendazon (Giardias), acrescentando a terapia de suporte necessária, pode solucionar o problema se for detetado a tempo.
  • Parasitas macroscópicos: os ascarídeos são provavelmente os mais frequentes em periquitos, mas não é muito comum observá-los em aves de cativeiro. Estes nematodes (vermes cilíndricos) intestinais podem provocar diarreias e perda de peso, assim como plumagem pouco brilhante e com aspeto sujo. No exame ao microscópio das fezes é fácil detetar os ovos deles, e o tratamento com ivermectina, albendazol ou fembendazol, costumam ser opções muito eficazes.

Problemas reprodutivos

Como em todas as aves, podem aparecer problemas na postura de ovos, tais como a postura crônica, ou problemas na formação da casca do ovo que provoca a ruptura do ovo no abdômen e consequente peritonite.

A postura crônica é complicada de solucionar, pode tentar reduzir as horas de luz, afastando a fêmea do macho (sem o ver, nem ouvir), mas o mais eficaz costuma ser um implante hormonal que iniba o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Ou seja, que cesse a atividade do ovário. Dura alguns meses, é variável e requer sedação para a sua colocação, mas às vezes é o único remédio para esta perigosa alteração.

As consequências de uma distocia (impossibilidade de realizar a postura), por o ovo ser excessivamente grande, a ruptura do ovo dentro do abdômen por debilidade da casca, provoca uma peritonite, que provoca uma situação de emergência em todos os casos e poucas aves conseguem recuperar.

Como sinais clínicos costumamos observar distensão do abdômen, anorexia, apatia, letargia... todos eles muito inespecíficos o que torna necessário um exame complementar feito pelo veterinário para detetar a sua origem para realizar o tratamento mais adequado, embora o prognóstico neste casos não seja muito favorável.

Embora não seja tão comum como em outros psitacídeos, os periquitos também podem sofrer de picacismo e arrancar as próprias penas.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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