Como tratar câncer de mama em gatas - Causas e sintomas

Como tratar câncer de mama em gatas - Causas e sintomas
Imagem: Facebook

Você percebe que sua gata tem as mamas inflamadas ou protuberantes? Pode ser um sintoma de câncer de mama, o terceiro tipo de câncer mais frequente nesta espécie. A castração precoce das gatas é uma importante medida preventiva já que a grande maioria dos cânceres são muito agressivos, são os chamados adenocarcinomas. Portanto, a detecção o mais precoce possível, junto com a operação de mastectomia completa, é indispensável para prolongar a sobrevida de nossa gata.

Você quer saber mais sobre como tratar o câncer de mama em gatas? Neste artigo do PeritoAnimal, explicaremos o que é o câncer de mama em gatos, seus sintomas, diagnóstico, prognóstico e suas possibilidades de tratamento.

O que é o câncer de mama em gatas

O câncer de mama é a transformação das células normais da glândula mamária em células tumorais que têm maior capacidade de multiplicação e de invasão de tecidos próximos ou distantes por vias hematogênicas ou linfática.

Na gata, o tumor de mama é o terceiro tipo de câncer mais frequente, atrás apenas do linfoma e dos tumores cutâneos. São muito mais frequentes os malignos que os benignos, com uma porcentagem de 90% e de elevada mortalidade.

Os adenocarcinomas são os tumores malignos mais frequentes em gatas. Além disso, cerca de 35% dos tumores de mama no momento do diagnóstico já apresentam metástase em tecidos próximos. Esta metástase pode afetar diversos órgãos, ocorrendo em mais de 80% dos casos no pulmão.

Para mais informações, você pode ler este outro artigo do PeritoAnimal sobre câncer em gatos - tipos, sintomas e tratamento.

Causas do câncer de mama nas gatas

Entre as causas que podem levar ao câncer de mama em gatas encontramos fatores genéticos, agentes carcinogênicos, alguns vírus e contaminantes ambientais. No entanto, a causa mais provável é a hormonal, pois os tumores de mama são hormonalmente dependentes, o que significa que a maioria apresenta receptores contra estrogênios e progestogênios, portanto, uma esterilização precoce é a melhor prevenção.

A terapia com progestogênios de maneira prolongada aumenta o risco de apresentação, pois o principal mecanismo pelo qual a progesterona ou os progestogênios induzem os tumores é a superprodução do hormônio do crescimento na glândula mamária, que estimulará diretamente o crescimento da glândula e indiretamente através do fator de crescimento ligado à insulina que desempenha um papel determinante na proliferação das células e sua transformação em células neoplásicas.

Fatores de risco do câncer de mama felino

O risco de uma gata apresentar câncer de mama aumenta:

  • Conforme sua idade aumenta.
  • Se não forem castradas.
  • Se forem castradas muito tarde.

Qualquer raça pode ser afetada, mas alguns estudos indicam que as gatas da raça Siamês apresentam o dobro do risco de sofrer dessa doença. Nos gatos da raça Europeu também costuma ser mais frequente.

Sintomas do câncer de mama em gatas

Se você reparar um inchaço na mama da gata, é bom prestar atenção. As gatas têm um total de oito mamas divididas em dois pares craniais e dois caudais. Os tumores de mama podem aparecer de forma isolada em uma massa única, bem delimitada e móvel ou um crescimento de tipo infiltrativo em lugares profundos que têm potencial para ulcerar e provocar uma infecção secundária.

Também é comum que uma mesma mama afetada apresente múltiplos nódulos, embora seja normal que várias mamas sejam afetadas (você vai observar o inchaço nas mamas da felina). Cerca de 60% das gatas apresentam mais de um tumor quando diagnosticadas. Os nódulos linfáticos próximos também são frequentemente afetados.

Nas gatas, a agressividade do tumor de mama é muito maior que em cadelas, de modo que as células tumorais invadem rapidamente o circuito linfático metástaseando para órgãos distantes. Os sinais clínicos indicativos de tumor de mama em gatas, são:

  • Protuberância em uma ou várias mamas (inchaço da mama na gata)
  • Crescimento desses nódulos.
  • Ulceração dos tumores.
  • Infecções mamárias.
  • Doenças pulmonares ou em outros órgãos se o tumor se espalhou.
  • Perda de peso.
  • Fraqueza.

Diagnóstico do câncer de mama felino

O procedimento de diagnóstico usual dessa doença inclui análise de sangue, de urina e radiografias de tórax. Como geralmente ocorre em gatas de idade avançada, também é importante medir o T4 para verificar o estado da tireoide.

Embora a grande maioria dos tumores de mama em gatas sejam malignos, diante das lesões mamárias descritas anteriormente deve ser feito um diagnóstico diferencial com outras patologias que as gatas não castradas podem apresentar: hiperplasia fibroadenomatosa, pseudogestação e gestação.

O sistema de determinação do estágio do tumor de mama felino é baseado no tamanho do tumor primário medindo o diâmetro da massa (T), o envolvimento dos linfonodos próximos (N) e a metástase em órgãos distantes (M). Todas as glândulas mamárias e tecidos próximos devem ser apalpados, além da palpação e citologia de seus linfonodos regionais, realizar radiografias de tórax em várias projeções para avaliar uma possível metástase pulmonar e ultrassonografia abdominal para avaliar metástase em órgãos abdominais.

Estágios do câncer de mama em gatas

Os estágios do câncer de mama em gatas são:

  • I: caroços de menos de 2 cm (T1).
  • II: caroços de 2-3 cm (T2).
  • III: caroços de mais de 3 cm (T3) com ou sem metástase regional (N0 ou N1) ou T1 ou T2 com metástase regional (N1).
  • IV: metástase à distância (M1) e a presença ou não de metástase regional.

Como tratar câncer de mama em gatas

Como os adenocarcinomas mamários das gatas são invasivos e apresentam alta taxa de envolvimento linfático, é necessário um tratamento agressivo. Se você quer saber como tratar câncer de mama em gatas, é importante destacar que este tratamento consistirá em uma cirurgia de remoção da mama, também chamada de mastectomia, que pode ser complementada com quimioterapia e radioterapia. A radioterapia é um tratamento local que nas gatas pode ser eficaz na prevenção da recorrência do tumor.

Como é a operação de tumor de mama em gatas?

A mastectomia em gatas é mais agressiva que na espécie canina, pois deve ser realizada em toda cadeia mamária afetada. É contraindicada apenas quando a doença está muito avançada e já existem metástase em órgãos distantes, de modo que uma mastectomia completa de um lado se as mamas afetadas estiverem em uma única cadeia ou bilateral completa se as mamas afetadas estiverem distribuída por ambas as cadeias mamárias. Além disso, deve ser completamente removido com margens amplas que são essenciais para a redução da recorrência do câncer na área e para aumentar o tempo de sobrevida.

Os linfonodos afetados também devem ser incluídos na mastectomia. O linfonodo inguinal é removido junto com a glândula mamária caudal e o linfonodo axilar é removido apenas se estiver aumentado de tamanho ou se for detectado metástase na citologia. Uma vez extraídos, devem ser recolhidas amostras para enviar à histopatologia para diagnosticar o tipo de tumor que a gata tem.

No pós-operatório da mastectomia em gatas, os analgésicos e antibióticos são necessários para controlar a dor, a inflamação e as possíveis infecções produzidas. A primeira semana é a mais desconfortável, especialmente as bilaterais completas. Pode levar vários dias para que o humor, apetite e vitalidade da sua gata melhorem. Deve ser colocado um colar elizabetano para não lamberem a área e os pontos abrirem. Por outro lado, as possíveis complicações são:

  • Dor.
  • Inflamação.
  • Infecção.
  • Necrose.
  • Auto-traumatismo.
  • Rompimento das suturas.
  • Edema do membro posterior.

Quimioterapia para câncer de mama em gatas

A melhor maneira de como tratar câncer de mama em gatas é utilizando os princípios da oncologia. A quimioterapia adjunta é recomendada em gatas com estágios clínicos III e IV ou em gatas com tumores malignos de estágio II ou III. É realizada após a remoção do tumor para retardar as recorrências, prolongando o período de remissão e retardando o aparecimento de metástase. Geralmente é administrado a cada 3-4 semanas, dando um total de 4-6 ciclos. Os efeitos colaterais que podem aparecer em uma gata submetida à quimioterapia serão: anorexia e anemia e diminuição dos glóbulos brancos devido à mielossupressão.

Também pode ser interessante adicionar um anti-inflamatório não esteroide (AINE) que inibe a ciclo-oxigenase do tipo 2 (COX-2), como firocoxib ou meloxicam, pois foi demonstrado que esses tumores expressam COX-2. Por outro lado, diferentes protocolos de quimioterapia foram descritos para os tumores mamários felinos:

  • Se estamos lidando com um câncer de mama de estágio III ou IV: doxorrubicina (20-30 mg/m2 ou 1 mg/kg por via intravenosa a cada 3 semanas) + ciclofosfamida (100 mg/m2 durante 3 dias a cada 3 semanas por via oral).
  • Com cirurgia + carboplatina (200 mg/m2 por via intravenosa a cada 3 semanas, 4 doses) estudos demonstraram uma sobrevida média de 428 dias.
  • Os gatos com cirurgia e doxorrubicina em tumores menores de 2 cm demostraram uma sobrevida média de 450 dias.
  • Com cirurgia e doxorrubicina, uma sobrevida de 1998 dias.
  • Com cirurgia, doxorrubicina e meloxicam foi observado uma sobrevida de 460 dias.
  • Com cirurgia e mitoxantrona (6 mg/m2 por via intravenosa a cada 3 semanas, 4 doses) foi determinada uma sobrevida de 450 dias.

Geralmente é acompanhado por suplementos alimentícios, antieméticos e estimulantes do apetite para a prevenção da perda de peso e remediar os sintomas. Ao mesmo tempo, se a gata apresenta algum tipo de deficiência orgânica, deve ser tratada.

Agora que você sabe como tratar câncer de mama em gatas, a seguir falaremos sobre o prognóstico.

Prognóstico do câncer de mama em gatas

O tempo médio de sobrevivência desde o diagnóstico do câncer de mama até o falecimento da gata é de 10-12 meses. O diagnóstico precoce e a mastectomia precoce são fatores fundamentais para a ampliação do tempo de sobrevida.

O prognóstico sempre será pior quanto maior for o diâmetro do tumor, por isso, se o caroço ou caroços estiverem muito grandes, preste atenção. Aquelas que possuem um diâmetro pequeno apresentaram maiores períodos de remissão e mais tempo de sobrevida. A presença de metástase à distância é sempre indicativo de um mau prognóstico.

Desta forma, se notar qualquer mudança nas mamas da sua gata, deve ir ao veterinário para saber o mais rápido possível se estamos diante de um câncer ou outra patologia mamária. Como já mencionamos, a progressão do câncer de mama maligno é devastadora, pois na maioria dos casos invadirá os pulmões de nossa gata, dificultando sua respiração correta, bem como outras partes do seu corpo e finalmente causará sua morte.

Prevenção do câncer de mama em gatas

A melhor prevenção do câncer de mama na gata é uma castração precoce, antes de seu primeiro cio, pois reduzirá bastante as chances de sofrer dessa doença, o que é essencial, pois a expectativa de vida de uma gata com câncer de mama é muito baixa, mesmo com tratamento.

Se for esterilizada depois do seu primeiro ano de vida, mesmo que não tenha redução na probabilidade de câncer de mama, pode evitar outras doenças como a piometra, metrite e tumores ovarianos ou uterinos.

A castração precoce diminui consideravelmente a apresentação futura de câncer de mama nas gatas, de modo que:

  • Diminui em 91% se for realizada antes dos 6 meses, ou seja, terão apenas 9% de possibilidade de sofrer.
  • Após o primeiro cio, a probabilidade será de 14%.
  • Após o segundo cio, a probabilidade será de 89%.
  • Após o terceiro cio, o risco de câncer de mama não é reduzido.

Neste artigo você viu o que é, sintomas e como tratar o câncer de mama em gatas. A seguir, deixamos um vídeo do canal no YouTube do PeritoAnimal sobre as doenças mais comuns em gatos que pode te interessar:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
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