Como apresentar um cachorro para outro

Como apresentar um cachorro para outro

O fato de os cães serem sociáveis por natureza não necessariamente significa que tenham que se dar bem com todos os outros membros de sua espécie. Muitas vezes conflitos entre cães acontecem, seja por falta de habilidades sociais, por problemas para emitir ou interpretar sinais comunicativos, por superexcitação ou por uma má gestão dos tutores quando, por exemplo, insistem ou forçam os animais a interagir entre si mesmo quando eles não querem fazê-lo ou se sentem incomodados.

Claro que todos queremos que nossos cães se relacionem, brinquem e socializem com outros cães, mas antes devemos aprender a forma que eles se comunicam entre si para poder identificar em que momentos devemos intervir ou quando é melhor não fazer nada. Neste artigo do PeritoAnimal te damos algumas dicas para que você aprenda como apresentar um cachorro para outro e te contamos alguns dos erros mais frequentes que os tutores cometem neste contexto. Boa leitura.

Aspectos para se levar em conta antes de apresentar dois cães

Os cães são animais gregários, o que significa que eles precisam se relacionar e interagir com outros indivíduos, incluindo outros membros de sua própria espécie. No entanto, apresentar um cachorro para o outro nem sempre ocorre de maneira bem-sucedida, pois, muitas vezes, surgem conflitos entre eles que podem acabar até em briga.

O primeiro passo para prevenir tais conflitos consiste em conhecer muito bem o cachorro, seu comportamento, suas preferências e suas habilidades sociais. Isto pode ser mais fácil se você o tiver criado desde filhote, mas se tiver adotado um cão adulto ou planeja fazê-lo, é importante que se informe o melhor possível quanto a suas experiências prévias. A separação precoce da mãe, a falta de socialização, o isolamento, os maus tratos, a dor física, o estado hormonal alterado, as experiências traumáticas e até a genética do cão e o ambiente ao seu arredor são alguns dos motivos pelos quais o cão pode desenvolver dificuldades na hora de se comunicar de forma eficaz com os seus.

Por outro lado, é imprescindível que, como tutor, você aprenda a interpretar os sinais de tensão que é emitido tanto pelo seu cachorro quanto pelos demais cães quando eles se encontrarem em uma situação incômoda. Antes de começar a brigar, os cães emitem mensagens através de sua expressão facial e corporal para alertar e tentarem se dissuadir. Saber identificar esses movimentos é muito útil para poder intervir caso seja necessário e evitar, assim, o conflito.

Assim, se você quer saber como apresentar um cachorro para outro, alguns dos sinais prévios de uma potencial briga são:

  • Olhar duro e fixo.
  • Músculos tensos.
  • Imobilidade ou andar muito lento.
  • Cauda rígida e alta.
  • Cabeça erguida e orelhas viradas para frente.
  • Mandíbula fechada com força.
  • Arrepios.
  • Focinho enrugado mostrando os dentes.
  • Grunhidos graves.

Se o seu cão tiver problemas de comportamento ou você quiser entendê-lo e se comunicar melhor com ele, um educador ou etólogo canino podem te ajudar com isso.

Como apresentar um cachorro para outro na rua?

Durante os passeios com o cachorro é normal que você encontre outros tutores caminhando com seus cães, o que oferece ao seu peludo a oportunidade de socializar. Antes de iniciar qualquer aproximação, você deve prestar atenção à expressão corporal de ambos animais. Ainda que seu cachorro seja sociável e queira se aproximar para cumprimentar, você não sabe se o outro cão tem a mesma vontade de interagir com o seu, por isso o mais sensato em caso de dúvida é perguntar ao outro tutor se você pode se aproximar.

Mesmo que te disser que sim, nunca force uma aproximação direta se observar sinais de tensão, insegurança ou medo em algum dos cães ou se eles começarem a puxar a coleira desesperadamente para se aproximarem mais rápido do outro indivíduo. Uma aproximação brusca e invasiva demais por parte de algum dos animais pode gerar mal-estar no outro, que talvez não seja capaz de gerir bem a situação e reaja de forma indesejada. Se seu cão demonstrar estar muito excitado ou nervoso, continue o passeio, deixe-o cheirar e explorar o ambiente e espere que o animal esteja mais tranquilo antes de uni-lo a outros cães.

Se os cães se mostrarem relaxados e ambos desejarem se cumprimentar, você pode se aproximar com calma, tentando não esticar a correia em nenhum momento. Os cães com boas habilidades sociais e que não desejem iniciar um conflito evitam o contato visual direto e não se aproximam de frente, mas desviam levemente para se colocar de forma lateral ao outro animal e assim começarem a cheirar-se pela parte traseira do corpo. O nível de excitação do animal determinará a altura e a velocidade do movimento de sua cauda, mas sua expressão facial manterá uma feição relaxada e amável.

O mais recomendável para finalizar a interação é esperar que um dos cães decida terminá-la e continuar com o passeio. Se nenhum deles parecer disposto a fazê-lo ou você observar que começaram a brincar com demasiada intensidade, pode testar chamar a atenção do seu cão e reforçar seu comportamento para que se aproxime de você enquanto se afastam. Na medida do possível, evite tirar seu cão da coleira, agarrá-lo ou pegá-lo nos braços como forma de terminar a interação.

Agora que você viu como apresentar um cachorro para outro na rua, falaremos a seguir de uma outra situação: quando já vivemos de um cachorro e decidimos adotar outro ou, ainda, se teremos um pet hóspede por um tempo em casa.

Como apresentar um cachorro para outro em casa?

Se o que queremos é introduzir um segundo cão em casa ou levar nosso peludo para uma casa alheia onde já vive um ou mais cães, devemos levar em conta uma série de coisas na hora de apresentar dois cães para que se dêem bem. Em primeiro lugar, a invasão brusca de um espaço que o cão considera como seu pode ser um fator desencadeante de conflito, especialmente se for produzido por um cão desconhecido ou com o qual não tenha uma boa relação.

Para evitar isto, você deve apresentá-los inicialmente presos às suas coleiras em local neutro, como a rua, um pátio ou o parque. Uma vez que os cães tenham se cumprimentado e cheirado, o mais recomendável é levá-los juntos para um passeio, para que possam se conhecer melhor e relaxar. Ao final do passeio, irão juntos para casa e, por precaução, o cão convidado entrará primeiro e terá a oportunidade de explorar o espaço sem o outro animal presente. Apenas após verificar que os dois estão confortáveis, podemos soltá-los e deixar que se relacionem livremente. Se, ainda assim, você não sentir segurança em relação à reação que os animais possam ter, o ideal é contar com uma cerca ou porta auxiliar instalada em casa que sirva de barreira física entre os animais, mas que lhes permita se verem e se cheirarem sem problemas, para irem habituando-se um ao outro.

Um ponto fundamental que se deve levar em conta ao colocar dois ou mais cães na mesma casa é de que neste ambiente deve sempre haver mais recursos valiosos do que cães. Ou seja, devemos colocar várias camas e alimentadores independentes, dois ou mais bebedouros separados e uma quantidade suficiente de brinquedos ou entretenimentos para que os cães não sintam a necessidade de defender qualquer recurso ou brigar por seu acesso, já que o principal motivo de disputa neste contexto é a escassez destes recursos.

Estas técnicas servem tanto para apresentar um cachorro para outro que sejam machos como para duas fêmeas ou um macho e uma fêmea. Uma vez feita apresentação, te recomentamos consultar nosso artigo sobre a adaptação de cachorros com outros cachorros para conhecer o resto dos fatores a serem levados em conta.

Erros frequentes durante a apresentação de dois cachorros

Em muitas ocasiões, uma briga entre dois cães tem como origem um mal gerenciamento por parte do tutor e não um problema real entre os animais pois, sem querer, é possível que nossa forma de atuar, nossos movimentos ou nossas palavras desencadeiem um conflito indesejado entre os cães.

A seguir, enumeramos alguns erros frequentes que podem desencadear uma disputa canina:

  • Mostrar que estamos nervosos. Se o seu cachorro apresentou comportamentos reativos no passado, problemas na hora de se relacionar com outros cães ou se tiver se envolvido anteriormente em alguma briga, é normal que tenha medo que isso volte a acontecer. Esta insegurança da sua parte pode fazer com que se comporte de forma estranha e tensa quando outros cães se aproximarem do seu. Suar, segurar a guia com mais força ou mudar o ritmo da caminhada e o tom de voz são sinais que seu cão consegue detectar com facilidade e que podem colocá-lo em alerta, fazendo com que reaja ainda mais intensamente.
  • Esticar a guia. Em muitas ocasiões, quando um tutor não se sente seguro frente à reação que algum dos animais pode ter durante uma apresentação, tende a manter a guia esticada e a dar puxões afastando o seu cão do outro. O que muitas pessoas não sabem é que a tensão na guia é um dos principais desencadeadores de briga entre dois cães que estejam presos, por não permitir que se relacionem com liberdade de movimento, gerando muitas interferências na comunicação. A situação piora se o cão estiver com coleira de castigo ou algum outro elemento de imobilização incômodo como a focinheira.
  • Soltar o cão sem ter treinado uma boa chamada. Quando passear com seu cão solto, é importante que o leve por áreas livres onde outros cães presos não passem, ou que a chamada tenha sido muito bem treinada, evitando que ele se aproxime de cães presos. Ainda que o seu cão seja sociável, não tem como saber se os outros o são ou se estão treinando com seus tutores, motivo pelo qual deve evitar que corra até eles ou invada seu espaço. Descubra como passear com o cachorro corretamente neste outro artigo.
  • Abusar do parque canino. O importante na hora de socializar seu cão é a qualidade das interações, e não a quantidade. Levar seu cão todos os dias a um parque canino pode acabar sendo contraproducente, pois este é um espaço limitado onde chegam a se juntar uma enorme quantidade de cães de diferentes idades, tamanhos e comportamentos e que, além de tudo, tendem a agrupar-se na porta do recinto para cumprimentar de forma invasiva todos os que chegam. Como consequência, nestes lugares por vezes existe muita tensão entre os cães e é comum que algum deles acabe "explodindo" e iniciando uma briga, na qual os demais podem acabar entrando.
  • Superproteger o cachorro. Algo que acontece muito frequentemente, especialmente com cães de pequeno porte, é que os tutores ficam com medo de que outros cães podem lhe fazer mal, e tendem a pegá-los nos braços ou a separá-los bruscamente de outros animais para evitar a interação. Fazendo isto, o cão pode aprender que o restante dos cães são uma ameaça e é provável que desenvolva problemas de comportamento derivados do medo e da insegurança.
  • Apresentar o cão novo de surpresa. Em muitas ocasiões, provavelmente por falta de informação, é comum que se introduza o novo cão de surpresa, sem apresentação prévia ou realizando uma apresentação inadequada. Como já vimos, quando adotamos um cão novo e já convivemos com um, é fundamental realizar uma apresentação inicial em território neutro para ambos a fim de evitar uma disputa. Isto é especialmente importante quando o novo integrante for um filhote, já que, além de afetar sua relação com seu companheiro, influencia em sua socialização. Se você quiser apresentar dois cães que vão viver juntos, lembre-se de seguir os passos do parágrafo anterior para conseguir uma boa convivência.

Agora que você já sabe como apresentar um cachorro para outro corretamente, não perca este outro artigo em que falamos o que fazer quando dois cachorros se dão mal.

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