Coelho bota ovo?

Não, coelho não bota ovo. Os coelhos, cujo nome científico da espécie mais comum é Oryctolagus cuniculus, são mamíferos e se reproduzem assim como gatos, cachorros, cavalos e nós, humanos. As dúvidas sobre sua forma de reprodução estão diretamente relacionadas às nossas tradições da Páscoa que têm o ovo e o coelho como alguns de seus principais símbolos.

Os coelhos são animais lagomorfos, pertencendo à família dos leporídeos - o quer dizer que são animais que têm forma de lebre. Desde a época do antigo Egito eles já eram considerados ícones da fertilidade já que o coelho fêmea pode dar à luz de quatro a oito vezes por ano e, em cada uma das gestações, podendo ter entre oito e 10 filhotes. Logo, não existe ovo de coelho.

Aqui estão outras características dos coelhos:

• Os coelhos selvagens vivem em tocas debaixo da terra em grupos com outros coelhos
• Comem parte de suas próprias fezes
• Possuem excelente visão noturna e uma visão de quase 360 graus
• Os coelhos são totalmente veganos, ou seja, não comem nada de origem animal
• A maturidade sexual é alcançada entre os 3 e os 6 meses
• O coelho fêmea pode chegar a ter uma ninhada a cada 28 ou 30 dias
• Sua temperatura corporal é alta, varia de 38ºC a 40ºC
• Um coelho selvagem vive até dois anos, enquanto um coelho doméstico vive, em média, entre seis e oito anos

Como vimos em suas características, os coelhos são animais precoces no que diz respeito à sua reprodução, podendo gerar filhotes antes mesmo dos 6 meses de vida.

A gestação de um coelho dura entre 30 e 32 dias e, após esse período, a mãe vai para seu ninho ou toca para ter seus coelhinhos num ambiente seguro. O parto, em si, é extremamente rápido, durando, em média, meia hora. Usualmente esses animais dão à luz à noite ou durante a madrugada, em momentos em que se sentem mais calmos e protegidos pela escuridão. Logo após o nascimento dos filhotes começa o período de amamentação.

Por definição, os mamíferos são animais vertebrados aquáticos ou terrestres que se caracterizam por possuírem glândulas mamárias. A gestação da quase totalidade deles ocorre no útero da mãe, no entanto, existem duas exceções de mamíferos que botam ovos: o ornitorrinco e o equidna.

O ornitorrinco é da ordem dos monotremados, uma ordem de mamíferos com características comuns aos répteis, como pôr ovos ou possuir cloaca. Outra curiosidade é sobre sua cloaca, localizada na parte traseira do corpo, onde estão o sistema digestivo, urinário e reprodutor.

As fêmeas desta espécie alcançam a maturidade sexual a partir do primeiro ano de vida e colocam ovos uma vez ao ano, depositando de um a três ovos em cada ninhada. Como já vimos, os mamíferos usualmente possuem mamilos, mas o ornitorrinco não. As glândulas mamárias das fêmeas estão localizadas em seu abdômen. E por não possuírem mamilos, elas segregam leite por meio dos poros da pele. As crias lambem o leite desta região por cerca de três meses, que é o período médio de lactância entre os ornitorrincos.

Já o equidna é um mamífero encontrado na Nova Guiné e na Austrália e, assim como o ornitorrinco, faz parte da ordem dos monotremados. A fêmea bota apenas um ovo por ninhada e também possui características de seus antepassados répteis: a cloaca que congrega o aparato reprodutor, digestivo e o urinário.

Após chocar o ovo, o filhote, ainda imaturo, cego e sem pelos, fica na bolsa da mãe entre seis e oito semanas. Ali ele lambe o leite no abdômen até se fortalecer.

Imagem: ornitorrincos

Há diferentes versões que explicam os motivos que levam à associação entre o ovo e o coelho com a celebração da Páscoa.

O termo “Páscoa” tem origem no hebraico, “pesah”, que significa passagem e simbolizava a passagem do inverno para a primavera entre os povos antigos. E para celebrar a ocasião, com a chegada de dias com mais luz, era comemorada a chegada da fertilidade da terra, devido à mudança climática. Esses povos, não se sabe se persas ou chineses, passaram a decorar ovos e presentear uns aos outros marcando o equinócio da primavera e o renascimento. Além disso, os romanos antigos sugeriam que o universo teria uma forma oval e presentear as pessoas com ovos de galinha se tornou, assim, uma prática comum.

Entre os cristãos, atualmente a Páscoa simboliza a ressurreição de Jesus Cristo, ou seja, a passagem da morte para a vida.

Por sua vez, acredita-se que desde a época do Antigo Egito o coelho já era símbolo de fertilidade e de uma nova vida, justamente por sua reprodução rápida e com a gestação de vários filhotes por ninhada.

Alguns religiosos afirmam que, quando Maria Madalena foi ao sepulcro de Jesus Cristo no domingo, após sua crucificação, havia um coelho preso no local e, por isso, ele seria teria testemunhado a ressurreição de Jesus, e daí teria surgido a associação do animal com a Páscoa.

Assim teria surgido a conexão do ovo com o coelho como símbolos do renascimento e, séculos mais tarde, ao que tudo indica no século XVIII, a tradição ganhou um novo sabor: o uso de ovos de chocolate, e não mais de galinha. Tradição que seguimos até hoje.

E não é porque associamos coelho e ovos de chocolate que esses animais podem comer este alimento. Confira neste vídeo a alimentação de coelhos:

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