Caxumba em cachorros - Causas, sintomas e tratamento

Caxumba em cachorros - Causas, sintomas e tratamento

Se seu cachorro aparecer com uma inflamação embaixo das orelhas, que se assemelha à caxumba que as pessoas podem sofrer, talvez você se pergunte: "meu cachorro pode ter caxumba?". A resposta é sim. Embora não seja uma doença frequente e esse tipo de transmissão seja rara, nossos cachorros pode ter se infectado com o vírus que causa essa doença em humanos, um vírus relacionado àquele que causa a doença da cinomose canina, tão conhecida dos tutores de cachorros.

Você quer saber mais sobre a caxumba em cachorros - causas, sintomas e tratamento? Neste artigo do PeritoAnimal, vamos falar sobre essa doença impressionante e tão incômoda.

O que é a caxumba em cachorros

Chama-se de caxumba (ou também papeira) a inflamação das glândulas salivares parótidas (parotidite), que têm forma de V e estão localizadas sob cada orelha dos cachorros, na base da cartilagem auricular. As glândulas salivares maiores caninas consistem em quatro pares glandulares: parótida, submandibular, sublingual e zigomática que controlam a produção de saliva; nos gatos, há também um quinto par: as glândulas molares. A saliva contém uma enzima chamada amilase que decompõe o amido em glicose para que seja usado pelo corpo, e dá início ao processo de digestão.

Em filhotes, também chamam de papeira canina a celulite juvenil, também chamada de pioderma juvenil ou dermatite granulomatosa estéril juvenil. A doença afeta cães com menos de quatro meses de idade e causa edema do focinho e da região periocular, com pústulas que formam crostas na área da orelha que podem afetar a porção vertical do canal auditivo, tornando a área mais espessa e quente ao toque, com possível desenvolvimento de otite.

O quadro progredirá para alopecia, endurecimento da pele e posteriormente, erosões e úlceras aparecerão no focinho e no queixo. Pode haver um aumento nos linfonodos mandibulares, que podem ulcerar. A inflamação profunda (celulite) pode causar lesões nos folículos capilares, provocando cicatrizes.

Causas da caxumba em cachorros

A caxumba em cachorros pode ser devida a:

  • Traumatismos como golpes com inoculação de corpos estranhos que podem inflamar e infectar a glândula.
  • Secundária a outros processos como faringite ou cálculos salivares presos no ducto parotídeo que causam catarro com inflamação da glândula. Também pode ser uma consequência da cinomose.
  • Às vezes, essa doença pode ser causada por uma transmissão do vírus que produz a caxumba em humanos devido ao contato próximo com uma pessoa com a doença. É raro, mas já houve casos. As pessoas são o reservatório do vírus e ele é transmitido por contato direto por aerossóis, fômites ou urina. Além disso, também pode ocorrer em gatos.

O vírus que causa a caxumba pertence à mesma família da doença conhecida como cinomose canina, um Paramyxoviridae, mas ao contrário do gênero ao qual pertence a cinomose, que é um Morbillivirus, o vírus da caxumba pertence ao gênero Rubulavirus. É um vírus de RNA que se isola na saliva, líquido cefalorraquidiano, urina, cérebro, sangue e outros tecidos.

Sintomas da caxumba canina

O vírus da caxumba tem como primeira localização as glândulas parótidas, causando um inchaço doloroso nelas com um aumento na área que dá o aspecto característico da caxumba. Por isso, a papeira em cachorro apresentará os seguintes sinais clínicos:

  • Inflamação mais ou menos manifesta das glândulas parótidas
  • Vermelhidão e/ou pus na glândula
  • Endurecimento das glândulas devido ao aumento de tecido conjuntivo
  • Febre
  • Dor
  • Anorexia
  • Enfraquecimento
  • Letargia
  • Perda de peso

Dependendo da gravidade do processo, a inflamação das glândulas submandibulares pode se prolongar e até afetar o nervo facial, causando paralisia facial. Caso seja observado algum dos sintomas da caxumba em cachorro, é imprescindível ir ao veterinário.

Diagnóstico da caxumba em cachorros

Em sua versão mais leve, a papeira em cachorro pode ser confundida principalmente com a inflamação do tecido conjuntivo imediato ou dos linfonodos subparótidos, especialmente se eles também tiverem sido afetados. Com a ultrassonografia, a caxumba pode ser diferenciada de outras patologias como a adenite, abscessos ou cálculos nos ductos salivares.

O diagnóstico desta doença é baseado principalmente no histórico, ou seja, deve-se preencher no início do processo a história clínica do animal, se teve algum incidente que pudesse causar ou se esteve em contato com alguém doente com caxumba.

O próximo passo será a palpação da área para determinar a gravidade da inflamação, se é realmente uma inflamação das parótidas ou se é outro processo, bem como sua disseminação para os tecidos e nervos imediatos.

Uma vez que tenha sido determinado se tratar de uma condição nas glândulas parótidas, será necessário realizar exames de sangue do cachorro:

  • O hemograma mostrará leucócitos totais normais ou diminuídos com um aumento nos linfócitos.
  • Se a determinação da amilase no soro for superior à média entre 269-1462 U/L, pode-se suspeitar de doenças das glândulas salivares (parotidite ou cálculos glandulares), entre outros processos como pancreatite canina, insuficiência renal oligúrica (pouca produção de urina), transtornos intestinais ou do fígado.

Será feita coleta de amostras de saliva, exsudato faríngeo (faringite bacteriana) ou mucosa oral para buscar o isolamento do material genético do vírus através de PCR, ou anticorpos contra outras infecções.

Como curar papeira em cachorro? - Tratamento

Não existe nenhum medicamento específico disponível para a caxumba de origem viral em cachorros, e por isso o tratamento será assintomático, ou seja, para paliar os sintomas que a doença produz, como:

  • Antipiréticos e anti-inflamatórios para diminuir a febre e a inflamação.
  • Fluidoterapia subcutânea ou intravenosa se ocorrer desidratação decorrente da anorexia.
  • Nutrição com alimentos leves, fáceis de ingerir e com bastante água.

No caso da caxumba bacteriana, são administrados antibióticos e é necessário drenar previamente os abscessos, se houver.

Prognóstico

Em geral, o prognóstico é bom e a cura costuma ocorrer em menos de duas semanas. Claro, é necessário ir a um centro veterinário para que façam o diagnóstico correto do seu cachorro e pautem o melhor tratamento. Pode-se utilizar remédios caseiros, mas sempre como complemento e não como substituto da consulta veterinária. Como prevenção, se alguém da família tiver caxumba, é recomendado evitar o contato desta pessoa com os cachorros ou gatos devido ao risco de transmissão para eles.

Remédios caseiros para a caxumba em cachorros

Um dos remédios que poderiam ser utilizados para aliviar um pouco o cachorro é aplicar panos gelados na área, com ou sem substâncias com propriedades anti-inflamatórias, como aloe vera ou camomila. Outro remédio que pode aliviar um pouco a dor e a inflamação devido às suas propriedades anti-inflamatórias é uma pasta com raiz de gengibre fresco colocada diretamente na área inflamada.

Embora esses remédios possam ser excelentes complementos para o tratamento veterinário, insistimos que é muito importante ir a um profissional para diagnosticar e tratar a doença.

Agora que você já sabe tudo sobre a caxumba em cachorros, talvez possa se interessar por este vídeo sobre o mau cheiro nas patas dos cachorros:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • V. Ausina, S. Moreno. (2005). Tratado SEIMC de enfermedades infecciosas y microbiología clínica. Editorial médica Panamericana.
  • Paperas en perros. Disponível em: <https://perritoshc.mx/index.php/k2-extra-field-groups/perritos-y-mascotas/item/5589-paperas-en-perros>. Acesso em 11 de maio de 2021.
  • Universitat Autónoma de Barcelona. Enfermedades de las glándulas salivales. Disponível em: <https://ddd.uab.cat/pub/llibres/1914-1930/60248/patterespanidom_a1914-1930t2f1r1x2.pdf>. Acesso em 11 de maio de 2021.