Caroço em cachorro: o que pode ser

Caroço em cachorro: o que pode ser

Por vezes, quando um tutor faz carinho ou dá banho ao seu pet, pode sentir pequenas saliências cutâneas na pele semelhantes a caroços que suscitam inquietação e muitas dúvidas. Quando surge um caroço no corpo do cachorro, é muito comum pensar que se trata de tão algo grave como um tumor. No entanto, não se desespere, nem todos os caroços significam que sejam malignos e, quanto mais cedo se identificarem, melhor o prognóstico.

Se você encontrou um caroço na pele do cachorro ou também chamado de cisto sebáceo no cachorro, leve-o ao veterinário para que ele possa avaliá-lo e atuar o mais rápido possível caso seja necessário. Neste artigo do PeritoAnimal, vamos te ajudar a desmitificar o caroço em cachorro: o que pode ser, suas causas e como tratar.

Caroço em cachorro

Tal como nos humanos, o caroço em cachorros pode variar de tamanho, forma, localização e severidade e é muito importante identificar precocemente o surgimento de um caroço no corpo do cachorro, isto é, quanto mais cedo for detectado e tratado, maiores são a chances de cura.

As causas também podem variar muito e só o médico veterinário pode avaliar e informar sobre o tipo de lesão ou doença que está presente, assim como resolver esse problema. A maioria dos caroços são benignos, demoram a crescer e se concentram numa só região, mas alguns podem ser malignos e graves, crescendo muito rápido e distribuindo-se por vários locais no corpo. Quanto mais velho for o cachorro, mais probabilidade existe de ter caroços malignos.

Abaixo mostramos uma foto de um caroço em cachorro muito comum.

Imagem: orchardvetgroup.com

Caroço em cachorro: o que pode ser

Quanto melhor você conhecer o corpo do cachorro, mais fácil será identificar a presença de uma estrutura nova e diferente do normal. As causas podem ser variadas ou até podem ser a combinação de vários fatores, por isso vamos te explicar cada uma das possíveis causas de caroços em cachorro. Afinal, o que podem ser? Veja a seguir.

1. Carrapatos

Estes parasitas mordem e se alojam na pele do animal, podendo ser confundidos com um caroço na pele do cachorro.

Além de causarem irritações na pele, eles transmitem doenças e, por isso, devem ser removidos cuidadosamente de forma a incluir a boca porque, muitas vezes ao serem retirados, a boca permanece e causa uma reação que leva ao "verdadeiro" caroço, denominado granuloma, que pode surgir em diversos locais do corpo dependendo de onde o carrapato mordeu, como um caroço na barriga do cachorro ou vários caroços pelo corpo todo. Saiba mais sobre carrapatos no artigo: Doenças que os carrapatos podem transmitir.

2. Verrugas

Estas saliências também podem surgir e causar dúvidas. As verrugas, são múltiplas lesões arredondadas que fazem lembrar uma “couve-flor” e que são causadas por um papilomavírus.

Os filhotes de cachorro ou os cachorros mais idosos são os mais suscetíveis devido ao seu debilitado sistema imunitário. Em jovens, podem surgir em qualquer mucosa, como as gengivas, céu da boca, língua ou regiões como nariz, lábios, pálpebras, membros e tronco, sendo mais comum o caroço no focinho do cachorro. Em cachorros idosos, podem aparecer em qualquer parte do corpo, especialmente em redor dos dedos e na barriga.

Cachorros com este tipo de caroços geralmente não apresentam outros sintomas pois são nódulos benignos, ao fim de alguns meses regridem e acabam por desaparecer, afetando pouco a vida do animal.

3. Efeitos colaterais de injeções ou vacinas

Podem surgir erupções cutâneas no seu animal devido a reações decorrentes de injeções de medicamentos ou vacinas. Estas reações surgem no local onde normalmente elas são aplicadas: pescoço ou membros.

Se você nota um caroço no cachorro depois da vacina ou da medicação com agulha e seringa, é muito provável que se trate de uma reação inflamatória a essa injeção. Conheça outras causas de caroço no pescoço de cachorro nesse artigo em que também falamos sobre o cisto sebáceo no cachorro.

4. Dermatite alérgica

A dermatite define-se como uma inflamação dos constituintes da pele que gera vermelhidão, coceira e bolhas. As dermatites alérgicas surgem sob a forma de pequenos nódulos ou bolhas em regiões onde o pelo é mais escasso. Existem cachorros que fazem reação alérgica à picada de pulga e outros insetos (como mosquitos, abelhas ou aranhas) ou mesmo a plantas, pólen ou substâncias tóxicas.

Caso o animal esteja infestado por pulgas, será possível ver cachorro cheio de caroços pelo corpo todo. Picadas de outros insetos tendem a ser concentradas num só local, mas são de localização variável. Na alergia provocada por plantas será mais comum ver um caroço no focinho do cachorro, um caroço no olho do cachorro ou nos membros, pela tendência de farejar ou caminhar na vegetação.

Quando a causa é descoberta, é necessário eliminá-la, e o médico pode receitar antiparasitários, anti-histamínicos, antibióticos ou corticosteroides.

5. Dermatite atópica

A dermatite atópica canina caracteriza-se por uma alteração genética que origina uma falha na proteção natural da pele do cachorro, o que facilita a entrada de partículas na pele provocando uma alergia, ou seja, a pele do animal é muito sensível ao ambiente.

Esta forma de dermatite pode manifestar-se através do surgimento de caroço no cachorro, mas não se sabe a origem da alergia.

6. Dermatite por lambedura (neurodermatite)

Provém de um problema comportamental, causado por ansiedade ou estresse, em que o cachorro desenvolve o comportamento de lamber excessivamente uma região, chegando a arrancar o pelo e a causar um caroço ulcerado, normalmente nos membros.

O ferimento não vai sarar enquanto animal continuar lambendo, por isso é essencial encontrar o motivo que está provocando esse comportamento e eliminá-lo. Leia o nosso artigo completo sobre porque cachorro lambe a pata para saber mais sobre esse tipo de compulsão.

7. Linfonodos aumentados

Os linfonodos são pequenas massas de tecido linfático que pertencem ao sistema imunitário e que estão distribuídos por várias partes do corpo, atuando como filtros do sangue. Eles são os primeiros indicadores de doenças nos tecidos e quando existe alguma inflamação ou infeção no corpo, os linfonodos que drenam a região afetada aumentam.

Existem linfonodos por todo o corpo do cachorro mas os que podem ser identificados pelo tutor se localizam junto à mandíbula e pescoço, axilas e virilhas. Alguns podem alcançar o tamanho de uma batata e a sua consistência pode variar de mole para duro. O animal também pode ter febre.

8. Hematomas

Caroços de sangue acumulado debaixo da pele provocados por um traumatismo ou pancada. Se o seu cachorro se envolveu em brigas ou se machucou com algum objeto, é muito provável que apresente um caroço deste tipo.

Podem ocorrer em infeções de orelhas (otohematomas) que se podem resolver sozinhas ou necessitar de ser drenados.

9. Abscessos

São acumulações de pus e sangue debaixo da pele causados por agentes infeciosos consequentes de infeções causadas por mordidas ou ferimentos mal curados.

Os abscessos podem se localizar por todo o corpo, possuem tamanhos variados e normalmente precisam de ser drenados e desinfetados com uma solução de limpeza antibacteriana. Em caso de infeção grave, o veterinário recomendará um antibiótico, porque o animal pode estar com infeção generalizada que pode estar provocando perda de apetite e depressão.

10. Cistos sebáceos (Cisto folicular)

O cisto sebáceo em cachorro é uma massa rígida, macia e sem pelo que surge devido ao bloqueio de glândulas sebáceas (glândulas encontradas perto do pelos e que produzem uma substância oleosa que lubrifica a pele, o sebo) e que se assemelham a bolhas. Geralmente são benignos, não causam incômodo ao animal e, por isso, não é feito nenhum tratamento especial a não ser que estejam infetados. Quando estouram, expelem uma substância pastosa branca, o pus. Os cachorros mais velhos são os mais afetados e é comum visualizar-se caroços nas costas do cachorro.

11. Hiperplasia das glândulas sebáceas

Caroços benignos que surgem devido ao crescimento rápido das glândulas sebáceas. Geralmente se formam nas pernas, torso ou nas pálpebras.

12. Histiocitomas

Apesar de não se saber a causa, são caroços benignos avermelhados, que geralmente aparecem em filhotes. São nódulos pequenos, duros e ulcerados que surgem subitamente e se instalam na cabeça, orelhas ou membros, desaparecendo por si só ao final de algum tempo. Se não desaparecerem, é melhor consultar novamente o veterinário. Saiba mais sobre o que pode ser caroço na cabeça do cachorro nesse artigo.

13. Lipomas

Estes caroços em cachorros são pequenos depósitos de gordura sob a forma de caroços macios, lisos e não dolorosos, sendo mais comum em gatos e cachorros obesos e mais velhos. Geralmente são inofensivos e aparecem no peito (costelas), abdômen e nos membros da frente, por isso é comum sentir um caroço na barriga do cachorro.

Este tipo de nódulo se deve ao rápido crescimentos das células de gordura e raramente precisa ser tratado ou removido, pois normalmente apenas se trata de uma situação estética.

A cirurgia é somente necessária se esses caroços estiverem causando algum tipo de incômodo ou desconforto ao animal, se crescerem de forma rápida, ulcerarem, ficarem infecionados ou se o seu cachorro o lamber ou morder constantemente.

Tais caroços são benignos, mas, em casos raros, podem tornar-se malignos e começam a espalhar-se por todo o corpo.

14. Tumores de pele malignos

Normalmente surgem subitamente e são como machucados que nunca saram. Este é um dos casos onde é extremamente importante que a identificação e o diagnóstico sejam feitos numa fase inicial do tumor, pois quanto mais cedo for descoberto, mais rápido se começa o tratamento para aumentar as chances de cura, uma vez que se podem espalhar por todo o corpo e afetar vários órgãos vitais. Os principais nódulos e tumores de peles em cães são:

  • Carcinoma das células escamosas: são tumores das células da pele encontrados em regiões do corpo que não pigmentadas ou sem pelos, como as pálpebras, vulva, lábios e nariz e se assemelham a ferimentos com crostas. Se devem a lesões causadas por radiação ultravioleta devido a exposição solar e se não são tratadas podem causar grandes deformidades e dor, além de se espalharem para outros órgãos.
  • Carcinoma mamário (câncer de mama): é um tumor cancerígeno das glândulas mamárias e é muito comum em cadelas não esterilizadas. É importante referir que os machos também podem ser afetados e a malignidade é muito maior. Este caroço na barriga do cachorro pode ser benigno, no entanto, é importante proceder-se sempre à extração da massa para prevenir que se espalhe para outros tecidos e órgãos.
  • Fibrossarcoma: tumores invasivos que crescem depressa e são comuns em raças de grande porte. Podem ser confundidos com lipomas, por isso é necessário um bom diagnóstico.
  • Melanoma: em cachorros não são causados por exposição solar como nos seres humanos, e podem ser benignos ou malignos e aparecerem como caroços escuros na pele que crescem lentamente. Os mais agressivos crescem na boca e nos membros.
  • Osteossarcomas: tumores ósseos que se manifestam visualmente através de caroços nos membros, sobretudo em cachorros machos de grande porte. Estes caroços dos cachorros precisam ser removidos cirurgicamente e, em casos graves, pode ser necessário amputação do membro.

Na imagem abaixo você vê um caroço em cachorro com pus.

Imagem: enpevet.de

Diagnóstico do caroço em cachorro

O veterinário vai querer saber todo o histórico do seu cachorro. Quando apareceu o caroço, se foi aumentando, se houve alterações de cor, tamanho e forma, se notou perda de apetite ou alteração de comportamento. Só assim será possível afirmar o que pode ser esse caroço no cachorro.

Além da inspeção visual do caroço, métodos laboratoriais e exames complementares são necessários para permitir determinar que tipo de caroço se trata e que tratamento é o mais indicado.

  • Citologia aspirativa (aspiração do conteúdo através de agulha e seringa)
  • Impressão (encostar uma lâmina de microscópio ao caroço se este estiver ulcerado ou com fluido)
  • Biópsia (recolha de amostra de tecido ou remoção de todo o caroço)
  • Raio-x e/ou ecografia (para visualizar se mais órgãos estão afetados)
  • Tomografia computorizada (TAC) ou ressonância magnética (RM) (em caso de suspeita de tumores malignos e metástases)

Tratamento para caroço em cachorro

Uma vez que o diagnóstico do seu pet tenha sido confirmado, o próximo passo é discutir todas as opções de tratamento. O tratamento depende da gravidade da situação. Enquanto certos caroços no corpo do cachorro não necessitam de tratamento e regridem sozinhos, outros vão precisar de mais atenção. O veterinário indicará como proceder, quais medicamentos utilizar e quais as terapias possíveis e alternativas. Tudo também depende de onde está o cisto, se é um caroço na barriga do cachorro ou na pata do peludo, por exemplo.

  • É muito importante que, caso seja diagnosticado um tumor maligno, ele seja removido para impedir que possa se difundir e afetar outros órgãos, originando consequências graves. Normalmente, é recomendada quimioterapia ou radioterapia depois da remoção do tumor para prevenir o reaparecimento do tumor. Mesmo não sendo maligno, a remoção cirúrgica ou a criocirurgia (em que se utiliza nitrogênio líquido extremamente frio para remover lesões de pele superficiais) são os métodos mais comuns e eficazes de cura.
  • Muitas vezes em cadelas é recomendada a castração para evitar o risco de câncer de mama e, se surgirem caroços na barriga da cadela, o recomendado é serem retirados.
  • Caso o caroço não seja removido porque não apresenta nenhum perigo iminente, é necessário estar regularmente atento a alterações que possam surgir.

Agora que você já viu o que pode ser o caroço em cachorro, suas possíveis causas e tratamentos, não perca o vídeo a seguir em que mostramos os motivos e explicamos o que fazer em caso de um cachorro cambaleando:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Griffin, C; Kwochka, K; Macdonald, J. (1993) Current Veterinary Dermatology. Mosby Publications. Linn, MO
  • Paterson, S. (1998) Skin Diseases of the Dog. Blackwell Science Ltd. London, England