Cadela castrada entra em cio

Cadela castrada entra em cio

Muitos tutores se perguntam se uma cadela castrada tem cio. A verdade é que, depois da cachorra ser castrada, ela não entra mais em cio, ou melhor, não deveria! Mas se parece que isso está acontecendo, leia este artigo com muita atenção, porque a sua cachorra pode estar com um problema chamado síndrome do ovário remanescente.

Você não precisa entrar em pânico porque o problema tem solução. Neste artigo do PeritoAnimal vamos te explicar porque uma cadela castrada entra em cio. Continue lendo!

Cachorra castrada pode entrar no cio?

Os métodos de esterilização de cadelas mais comuns são a ovariohisterectomia e a ovariectomia. Enquanto no primeiro procedimento são extraídos os ovários e os cornos uterinos, no segundo são apenas extraídos os ovários. Tanto um método como outro são muito utilizados em medicina veterinária e ambos utilizam técnicas simples e com poucos riscos associados. Depois de castrada, a cadela não entra mais no cio nem pode ficar grávida.

Se a sua cachorra foi castrada e está apresentando sintomas de cio, você deve consultar um médico veterinário para que ele possa diagnosticar o problema. Uma possibilidade é que a sua cadela tenha a chamada síndrome do ovário remanescente ou síndrome do resto ovárico, que vamos te explicar mais à frente neste artigo.

Cadela castrada com sangramento

Em primeiro lugar, é importante confirmar que de fato o que a sua cadela apresenta são sintomas de cio. Vamos te recordar quais são os sintomas de cio nas cadelas:

  • Aumento do tamanho na vulva
  • Atrai os machos
  • Corrimento sanguinolento
  • Tentativas de cópula
  • Lambido excessivo da vulva
  • Alterações no comportamento

Se a sua cadela castrada apresenta um ou vários dos sintomas de cio que falamos, ela pode estar com a síndrome do ovário remanescente (SOR), síndrome que se manifesta através de sintomas semelhantes ao estro. Se apenas se trata de uma cadela castrada com sangramento, é importante averiguar o que está acontecendo, pois ela pode estar com outras doenças que causam esse sangramento como a piometra e outros problemas do aparelho reprodutivo ou urinário. Por isso, é imprescindível que a cadelinha seja vista por um médico veterinário que possa fazer um correto diagnóstico e definir um tratamento adequado.

Síndrome do ovário remanescente em cadelas

A síndrome do ovário remanescente é um problema mais comum em humanos do que em animais. De qualquer forma existem vários casos documentados tanto em gatas como em cadelas[1].

Também chamada de síndrome do resto ovárico, ela é caracterizada pela presença de um fragmento de tecido ovárico dentro da cavidade abdominal da cachorra. Ou seja, embora a cadela tenha sido castrada, um pequeno pedaço de um dos ovários dela ficou para trás. Esse troço de ovário revasculariza e entra em funcionamento, provocando os sintomas semelhantes ao estro. Por isso, os sintomas da síndrome do ovário remanescente são os mesmo que você observaria durante a fase de estro:

  • Aumento da vulva
  • Alterações no comportamento
  • Tentativas de cópula
  • Interesse pelos machos
  • Corrimento com sangue

Porém, nem sempre todos os sintomas estão presentes. Você poderá observar apenas alguns deles.

A síndrome do ovário remanescente aumenta consideravelmente o risco de tumores e neoplasias. Por isso é extremamente importante que, se aparentemente a cadela castrada entrar no cio, você visite de imediato um médico veterinário para que ele possa realizar o diagnóstico e prescrever o tratamento adequado.

Estes são alguns dos problemas mais comuns consequentes à síndrome do ovário remanescente:

  • Tumores das células da granulosa
  • Piometra uterina
  • Neoplasia mamária

Diagnóstico da síndrome do ovário remanescente

O médico veterinário pode utilizar vários métodos para chegar ao diagnóstico deste problema. Ele precisa descartar outros possíveis diagnósticos com sintomas semelhantes, como uma vaginite, piometra, neoplasias problemas hormonais, etc.

O uso de farmacologia para tratar a incontinência urinária (medicamento dietilestibestrol) pode causar sintomas semelhantes ao desta síndrome, assim como a administração de estrogênio exógeno. Por isso, nunca se esqueça de dar toda a informação ao médico veterinário sobre qualquer tipo de tratamento que a sua cadela tenha feito ou esteja fazendo.

O médico veterinário, para chegar a um diagnóstico definitivo, faz um exame físico completo da cadela castrada que em teoria está no cio, observa os sinais clínicos, que como já referimos são semelhantes ao do estro da cadela e realiza algumas provas.

As provas de diagnóstico mais comuns são a citologia vaginal (método mais utilizado), a vaginoscopia, o ultrassom e algumas provas hormonais. A escolha do método do diagnóstico pode variar de caso para a caso.

Tratamento da síndrome do ovário remanescente

O tratamento farmacológico é desaconselhado. É necessário uma intervenção cirúrgica para que o médico veterinário possa retirar o pedaço de ovário que está desencadeando esses sintomas e que como já referimos, tem vários riscos associados.

A cirurgia mais comum para a síndrome do ovário remanescente é a laparotomia. Provavelmente, o médico veterinário marcará a cirurgia para quando a cadela esteja em estro ou diestro porque é mais fácil visualizar o tecido que tem de ser extraído. Na maior parte das vezes, o pedaço de ovário está dentro dos ligamentos ováricos da cachorra castrada.

Prevenção da síndrome do ovário remanescente em cadelas

A única forma de prevenir esta síndrome é através da realização de uma boa técnica cirúrgica de esterilização, daí a importância de escolher um bom profissional.

De qualquer forma, este problema pode surgir mesmo se o médico veterinário realizar uma técnica perfeita porque, muitas vezes, durante o desenvolvimento embrionário, as células que geram os ovários migram para outros locais, longe dos ovários. Essas células, quando a cadela é adulta, podem se desenvolver e gerar esta síndrome. Nesses casos, o médico veterinário não tinha como saber que existia um pequeno troço de ovário noutro local do corpo longe dos ovários.

De qualquer forma, o mais comum, é que tenha sido um problema decorrente da técnica cirúrgica e que um pedaço de ovário tenha ficado para trás ou que tenha caído na cavidade abdominal. Mesmo assim, é injusto que você acuse o médico veterinário como responsável por esta síndrome se você não tem a certeza do que aconteceu. Consulte sempre um profissional para saber exatamente o que está acontecendo.

Agora que você viu que uma cachorra castrada não entra no cio, recomendamos o vídeo a seguir no qual falamos sobre uma curiosidade bastante comum entre os tutores: por que os cachorros ficam grudados depois de cruzar?

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Referências
  1. Ballm R. (2010) Ovarian remnant syndrome in dogs and cats: 21 cases (2000–2007).Journal of the American Veterinary Medical Association. vol. 236 n. 5 p.548-553
Bibliografia
  • Oliveira, K. Silva, M. Brun, M. Pérez-Gutiérrez, J. Toniollo, G. (2012) Ovarian remnant syndrome in small animals. Semina: Ciências Agrárias, Londrina. Vol.33 n.1 p.363-380