Cachorro com fraqueza nas patas traseiras: causas

Cachorro com fraqueza nas patas traseiras: causas

O seu cachorro está parecendo apático e debilitado? As pernas traseiras estão fracas e com tremedeira? Infelizmente, a perda de força nas patas traseiras é uma situação que nem sempre é uma consequência da idade e que indica que há algo de errado com o seu cachorro.

Se você observou algum episódio desses, você deve consultar o veterinário para ele fazer os exames complementares necessários para diagnosticar o problema e ajudar o seu cachorro. Enquanto você espera pela consulta, o PeritoAnimal explica o que pode nos levar a estarmos diante de um cachorro com fraqueza nas patas traseiras e que outros sinais podem estar associados.

Cachorro com fraqueza nas pernas e tremedeira

É muito comum associarmos um cachorro com dificuldade de andar nas patas traseiras a um cachorro idoso e pensarmos que é algo natural da idade. Mas é um engano, as causas de cachorro com fraqueza nas patas traseiras e tremedeira podem ser muito variadas e pode acometer qualquer idade ou raça.

Um cachorro com a marcha ou coordenação alteradas deve ser imediatamente avaliado por um veterinário. Através da marcha, podemos avaliar diversos tipos de sistemas onde estão incluídos os sistemas nervoso e musculoesquelético, daí que devemos realizar um exame ortopédico e neurológico muito minucioso, pois estes dois sistemas geralmente são difíceis de separar nos diagnósticos diferenciais.

A marcha deve ser avaliada em diferentes velocidades, pisadas e condições (após exercício e em repouso), seguida da avaliação dos reflexos neurológicos, por exemplo, o reflexo patelar, reflexo da dor e os propriocetivos. Só assim será possível analisar bem um cachorro com fraqueza nas pernas e tremedeira.

Cachorros com problemas nas patas traseiras: sinais associados

Em muitos casos, é comum observar o cachorro com pernas traseiras fracas e tremendo, o que é associado a fraqueza muscular. A fraqueza muscular (perda de força para realizar determinado movimento) é um sintoma comum que provoca alterações na marcha do animal e que pode por si só justificar uma marcha instável e cachorro tremendo das patas traseiras. Pode ainda apresentar:

  • Apatia
  • Debilidade/fraqueza generalizada
  • Relutância para se levantar ou subir degraus ou superfícies altas
  • Tendência para cruzar pernas ao caminhar
  • Tendência para arrastar algum membro
  • Ataxia (descoordenação motora)
  • Andar cambaleante
  • Paresia: diminuição ou perda parcial da função motora voluntária, causando limitações de movimentos
  • Plegias ou paralisia: ausência ou perda completa da função motora voluntária.

Causas para um cachorro com fraqueza nas patas traseiras

Cachorro com membros tremendo, sem força ou até paralisados podem ter uma causa de origem muscular, neurológica, neuromuscular, musculoesquelética ou sintomática.

A idade e a raça são dois fatores muito importantes, uma vez que em cães mais jovens podemos pensar em algo mais congênito ou doenças que afetam os mais jovens e em cães adultos ou idosos podemos pensar em alguma hérnia ou tumores.

Em seguida vamos, apresentamos as causas mais comuns para um cachorro com fraqueza nas pernas e tremedeira:

1. Dor

Seja na zona afetada ou em outro local, a dor pode ser muito incômoda e fazer com o cachorro não queira mais caminhar ou se movimentar, ou então ele pode fazê-lo de forma mais lenta e com muito custo, podendo chegar a tremer das patas. É muito importante descobrir a origem da dor para que ela possa ser eliminada e o cachorro se sinta melhor.

2. Traumatismos

Além da dor evidente consequente de traumatismos como uma queda, atropelamento ou mordida de outro animal, estas situações podem levar a graves sintomas musculoesqueléticos e/ou neurológicos. Dependendo da gravidade e extensão da lesão, o animal pode estar tremendo com o susto ou ser algo mais grave como certas estruturas como músculos, nervos e porções da coluna cervical terem sido afetados. Se ocorreu uma ou várias fraturas e a medula espinal foi afetada, pode ser algo reversível e solucionável através de cirurgia e tratamento médico ou pode ser algo irreversível que compromete a vida do animal.

3. Efeito de certos medicamentos ou da sedação/anestesia

Muitos animais parecem fracos e desorientados após um procedimento que envolveu sedação ou anestesia. Não se preocupe, esta situação geralmente é passageira e em poucas horas ou um dia o animal recuperou totalmente. Caso observe que estes sintomas e outros como vômitos, diarreia e pupilas muito dilatadas (em midríase) permanecem, informe imediatamente o seu médico veterinário.

Além da sedação, certos fármacos podem provocar tremores musculares ou dos membros. É o caso da administração continuada de corticosteroides que pode resultar em atrofia e fraqueza muscular e fraca condição do pelo e pele.

4. Intoxicações

Podemos ter um cachorro com fraqueza nas pernas e tremedeira devido a certos químicos, plantas e alimentos que são tão tóxicos para o cachorro e que podem colocar sua vida em risco. O chocolate, cafeína e as anfetaminas são produtos gravemente tóxicos para cachorros e gatos.

5. Doenças do carrapato

Além dos conhecidos hemoparasitas transmitidos pela picada de carrapato, que causam doenças como a erliquiose (bactéria) ou a babesiose (protozoario) com graves anemias e outros sintomas graves. O carrapato (a fêmea) pode conter na sua saliva uma toxina que causa a paralisia do carrapato, que afeta o sistema nervoso de forma gradual, se iniciando com vômitos, dificuldade e comer, salivação excessiva, evoluindo para fraqueza dos membros posteriores, taquicardia (frequência respiratória aumentada) até à perda parcial ou total dos movimentos e reflexos.

A melhor forma de combate desta doença é retirar todos os carrapatos do corpo do animal e fazer um tratamento sintomático e para eliminar a toxina. Em casa, você pode fazer banhos de carrapaticida e retirá-los, mas atenção, os carrapatos não podem ser retirados do cachorro de qualquer jeito, se eles estiverem com a boca perfurando a pele do cachorro, ela deve ser inteiramente retirada para que não provoque futuramente um infeção grave. Existem pinças especiais para isso que são bastantes eficazes e fáceis de utilizar.

6. Infecções bacterianas e virais

A meningite (bacteriana), a raiva e a cinomose (virais) são doenças muito perigosas que têm repercussões a nível do estado mental, comportamento e da locomoção do animal, podendo causar paralisia das patas traseiras e deixar o cachorro com fraqueza nas pernas e tremedeira. Estas doenças virais podem ser evitadas se o plano vacinal for corretamente cumprido.

7. Doenças ortopédicas

Problemas como a displasia da anca, displasia do cotovelo, rutura de ligamentos do joelho, osteoartrite, osteoartrose, discoespondilite ou hérnias estão muitas vezes associados a claudicação, relutância em caminhar e muito desconforto.

8. Doença degenerativa do disco

Ainda dentro das doenças ortopédicas, surge a doença degenerativa do disco intervetebral. Existem dois tipos de hérnias discais: tipo I e tipo II e pode se apresentar desde dor local (grau 1), dificuldade de locomoção (grau 2 e 3), até paralisia dos membros (grau 4 e 5). Muito comum em cães, mas raro em gatos.

  • Hérnias discais Hansen tipo I. São hérnias que de forma aguda/súbita comprimem a medula espinal e que causam dores terríveis ao animal, sendo mais agressivas que as do tipo II. É neste caso que você pode afirmar que “meu cachorro parou de andar de repente” devido à possível perda de sensibilidade e força motora. Há uma predisposição genética para este tipo de hérnias em cães de raça condrodistrófica (pequenos, coluna larga e patas curtas) como o dachshund (os cães salsicha), poodles, lhasa apso, cocker spaniel, beagle, pequinês e shih tzu. É muito comum surgir entre os 2 e os 6 anos de idade. Quanto mais rápido o animal for visto, melhor o prognóstico. Muitos defendem que a cirurgia é o melhor tratamento para esta condição, outros defendem que existem muitos riscos associados ao procedimento, por isso vai depender da experiência e prática do cirurgião e do estado da saúde geral do animal.
  • Hérnias discais Hansen tipo II. São hérnias causadas pela extrusão (saída) do disco intervertebral de um segmento da coluna vertebral devido a um processo degenerativo. Essa extrusão pode progressivamente ocupar o canal medular e comprimir a espinal medula, causando sinais neurológicos como perda da propriocepção dos membros pélvicos, ataxia (incoordenação motora), fraqueza muscular, relutância em levantar, caminhar ou saltar, dificuldade em subir degraus, dor na coluna, monoparesia (défice neurológico de um membro) ou hemiparesia (de ambos os membros torácicos ou pélvicos). O aparecimento destes sintomas surge de forma crónica e progressiva, sendo que eles podem ser simétricos ou não, dependendo da localização e da extensão da lesão. Este tipo de hérnia é comum em raças grandes e não condrodistróficas como o pastor alemão, labrador e boxer, surgindo entre os 5 e os 12 anos de idade.

O diagnóstico das hérnias é feito através da história do animal, exame físico e exames complementares (raio-x, tomografia e/ou ressonância magnética). No caso de hérnias a terapia médica baseia-se na administração de anti-inflamatórios não esteroides (AINES) ou corticosteroides, podendo ainda ser prescritos relaxantes musculares (diazepam ou metocarbamol), fisioterapia ou cirurgia (em casos mais graves).

9. Doenças metabólicas

Certos desequilíbrios metabólicos como a hipocalcemia (diminuição dos níveis de cálcio no sangue), hipercalcemia (aumento do cálcio), hiponatremia (diminuição do sódio) e hipernatremia (aumento do sódio), glicemia e desequilíbrios ácido-base são as anormalidades metabólicas mais comuns que podem deixar um cachorro com fraqueza nas pernas e tremedeira.

A hipoglicemia (diminuição da glicose no sangue) é uma condição muito grave que causa fraqueza generalizada, tremores, convulsões e até a morte do animal. Os tremores não são tão comuns como os sintomas anteriores, mas devem ser sempre incluídos nos diagnósticos diferenciais.

O hipoadrenocorticismo, ou doença de Addison, refere-se à incapacidade do cérebro do cachorro liberar certos hormônios, como a hormona adrenocorticotrófica (ACTH), responsável por estimular a produção de cortisol. A falta desta hormona origina fraqueza generalizada que, muitas vezes, se inicia pelos membros posteriores, entre outros sintomas.

Já o aumento na produção de cortisol toma a designação de hiperadrenocorticismo, ou síndrome de cushing, e pode igualmente causar fraqueza muscular e tremores dos membros.

10. Doenças neuromusculares

A mielopatia degenerativa canina, muito comum em pastor alemão e outros cães de grande porte com mais de 5 anos de idade, se caracteriza por uma doença crônica progressiva que afeta a medula espinal. O animal apresenta fraqueza generalizada e intolerância ao exercício, que pode ser esporádica ou persistente, marcha rígida ou em saltos, défices propriocetivos significativos, ataxia da patas traseiras e a paresia leve.

Os membros posteriores são geralmente os primeiros a ser afetados e de forma mais grave que os anteriores.

Durante o exame físico aquando da consulta o animal pode apresentar atrofia ou hipertrofia muscular associado ou não a tremores e/ou fasciculações. Existe ainda a Miastenia gravis que é rara e muito grave e pode afetar as patas traseiras, nos levando a um cachorro com fraqueza nas pernas e tremedeira.

Diagnóstico

Todas estas causas são diagnosticadas através de um minucioso histórico do animal, exame físico e exames complementares. Nem sempre o diagnóstico é fácil e imediato, no entanto a persistência do médico veterinário e a sua colaboração vão ajudar a descobrir a causa e a eleger o melhor tratamento.

Lembre se sempre que nunca deve automedicar o seu animal independentemente dos seus sintomas e historial.

Como tratar um cachorro com fraqueza nas pernas e tremedeira

O tratamento para a fraqueza e tremedeira nas patas do cachorro vai depender da origem do problema. Por isso é tão importante identificar o quanto antes, junto a um veterinário, a causa exata do problema. Para evitar esse problema, o ideal é levar o cachorro ao menos uma vez ao ano para uma revisão de sua saúde na clínica veterinária.

Agora que você já sabe o que pode ser em caso de um cachorro com as patas fracas e tremendo, não perca o vídeo a seguir em que falamos sobre o que pode ser e o que fazer com um cachorro que lambe muito as patas:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Platt, S. and Olby, N. (2012) BSAVA Manual of Canine and Feline Neurology, Fourth Edition