Cachorro com falta de ar: causas e soluções

Cachorro com falta de ar: causas e soluções

A respiração é o ato de inalar e exalar o ar através da boca, nariz ou pele. Os cães e gatos, respiram maioritariamente pelas cavidades nasais. As trocas gasosas que ocorrem durante a respiração são essenciais à vida e, quando não estão sendo realizadas normalmente, podem comprometer o bem-estar e vida do animal.

Se você tem algum animal que apresenta sensação de falta de ar e/ou dificuldade em respirar, leve imediatamente o seu pet ao médico veterinário mais próximo. O estresse respiratório é muito comum na prática clínica e se trata de uma urgência ou mesmo de uma emergência médica.

Se você quer saber mais sobre cachorro com falta de ar, as causas e as soluções, continue lendo este artigo do PeritoAnimal.


Cachorro com falta de ar: estresse respiratório

Antes de mais, você necessita saber alguns termos médicos utilizados em pacientes com problemas cardiorrespiratórios.

  • Esforço/estresse respiratório: dificuldade em respirar que origina falta de oxigenação.
  • Dispneia: sensação de falta de ar. Apesar de ser um termo utilizado em medicina humana, também é utilizado em veterinária, mesmo que esta sensação só possa ser dada pelo paciente que a está sentindo.
  • Taquipneia: aumento da frequência respiratória. Dá a sensação de um cachorro ofegante e com respiração mais acelerada.
  • Bradipneia: diminuição da frequência respiratória. Respirações muito leves e mais raras que o normal.
  • Apneia: ausência de respiração por determinado período de tempo. Se esse período for muito longo pode comprometer a vida do animal.

Apesar de estes termos serem o dia-a-dia dos veterinários, muitos tutores não sabem o que significam e ficam sem perceber o que está acontecendo com o seu cachorro. Em seguida vamos apresentar as formas de identificar cachorro com falta de ar e quais as possíveis causas. Continue lendo.

Cachorro com falta de ar: como identificar e localizar a lesão

Nem todos os animais que estão sentindo falta de ar se posicionam da mesma forma ou apresentam o mesmo comportamento. Por essa razão, é muito importante que você saiba identificar quando o seu cachorro não está bem para que você possa agir.

Quando um cachorro está com falta de ar e dificuldade em respirar, ele adota uma postura que o permite respirar melhor e sem tanto desconforto. Ele pode estar de pé, deitado ou sentado em posição esternal (posição de esfinge), sendo que a posição deitado é já sinal de um desconforto tremendo.

Uma das posturas mais comum é a postura ortopneica que se caracteriza por:

  • Cotovelos abduzidos (dobrados), na tentativa de aumentar a área pulmonar e de trocas gasosas.
  • Boca aberta e língua para fora, de forma a tentar reduzir a resistência da entrada do ar e facilitar fluxo.
  • Cabeça levantada e pescoço esticado, esticar a traqueia permite reduzir a resistência do fluxo de ar e o esforço respiratório.

Em caso de oxigenação insuficiente, as mucosas do cachorro podem ficar pálidas ou cianóticas (azul-arroxeadas). A cianose se desenvolve quando o sangue não é suficientemente oxigenado a nível pulmonar e, consequentemente, há uma oxigenação insuficiente dos tecidos, levando a que eles fiquem dessa cor. Cachorro com falta de ar e língua roxa se trata de uma emergência médica, sendo necessário agir de imediato.

Além disso, o tipo de respiração que o cachorro apresenta pode te orientar sobre a possível causa e localização da lesão:

  • Respiração rápida e superficial: está normalmente associada a problemas localizados no espaço pleural (espaço entre as duas membranas que revestem os pulmões), o que significa que pode ser um derrame/efusão pleural (acúmulo anormal de líquido), piotoráx (acumulação de exsudado purulento, pus), hemotoráx (acumulação de sangue) ou pneumotórax (acumulação de ar).
  • Respiração com esforço expiratório e com sibilos (semelhante ao som agudo de um assobio) à auscultação: pode indicar uma doença obstrutiva das vias aéreas como a asma (mais comum em felinos).
  • Respiração com movimentos torácicos largos e espaçados: pode haver uma lesão no parênquima pulmonar, como edema (acúmulo anormal de líquido nos pulmões, onde ocorrem as trocas de gases), trauma ou massas que obstruem.
  • Respiração com som de estridor (som áspero abafado) à auscultação e esforço inspiratório: pode indicar obstrução das vias aéreas superiores, por exemplo quando ocorre inalação de um corpo estranho ou edema ou paralisia da laringe.

Outros sintomas também podem estar associados a um cachorro com falta de ar:

  • Mucosas pálidas ou cianóticas;
  • Espirros;
  • Tosse;
  • Intolerância ao exercício;
  • Ruídos respiratórios (na inspiração e/ou na expiração);
  • Corrimento nasal/ocular;
  • Aerofagia (ingestão de ar);
  • Desmaios;
  • Barriga inchada;
  • Febre;
  • Tremores.

Cachorro com falta de ar: o que pode ser?

As causas da sensação de um cachorro com falta de ar são muito variadas. Geralmente cachorros idosos e obesos podem ter mais predisposição para este tipo de doenças. Além disso, as raças braquicéfalas, como o Buldogue inglês/francês, Shi tzu, Pug e Lhasa apso, apresentam uma predisposição genética para problemas respiratórios, resultante da conformação anatômica da face, palato e laringe.

Cachorro com falta de ar: causas patológicas

São doenças ou lesões nas vias áreas

  • Doenças pulmonares ou vias aéreas superiores: colapso da traqueia, pneumonia, asma, bronquite, tosse do canil, hemo/pneumo/piotórax, edema ou efusão pleural, são alguns dos exemplos de doenças pulmonares que podem causar cachorro com falta de ar.
  • Doenças cardíacas: quando o cachorro apresenta um problema cardíaco é muito comum você observar cachorro com tosse e falta de ar, geralmente após o exercício. São exemplo a cardiomiopatia dilatada, degenerescência da válvula mitral ou insuficiência cardíaca congestiva.
  • Massas obstrutivas (abcessos, cistos, coágulos).
  • Tumores e metástases.
  • Alergias: geralmente com espirros associados, podendo apresentar tosse, coceira nos olhos e/ou no corpo.
  • Anemia.
  • Interações medicamentosas: por sobredosagem ou envenenamento.
  • Doenças neurológicas.
  • Alterações abdominais: ascite (acumulação anormal de líquido no abdômen), gestação ou torção gástrica, todas elas podem originar cachorro com falta de ar e barriga inchada.

Cachorro com falta de ar: causas fisiológicas

Também existem causas que não estão diretamente relacionadas com doenças específicas, mas sim com resposta do organismo ao ambiente e que provocam igualmente sintomas respiratórios. São exemplo a hipertermia (aumento da temperatura corporal), hipotermia (diminuição da temperatura corporal), calor, frio, medo, estresse, ansiedade, dor ou choque.

Existe ainda uma condição que se chama espirro reverso, mais comum em raças de pequeno porte e raças braquicéfalas, que se caracteriza por um som respiratório semelhante a um ronco, como se o cachorro estivesse engasgado. Num espirro normal, o ar sai na tentativa de expulsar as substâncias ou corpos estranhos que estão causando a irritação, no entanto, no espirro reverso o ar entra em vez de sair, causando esse som característico. Não se preocupe, é uma condição inofensiva que geralmente não tem qualquer tipo de implicação para o cachorro.

achorro com falta de ar: causas ambientais

  • Inalação de fumaça ou de um gás tóxico.

Cachorro com falta de ar: o que fazer

Se se pergunta o que fazer com cachorro com falta de ar, leia os seguintes passos que fornecemos para ajudar o seu animal.

Em primeiro lugar, você deve manter a calma e evitar movimentos repentinos ou ruídos muito elevados. É importante que saiba que animais com este problema estão muito instáveis e qualquer manipulação em excesso pode levar a mais estresse generalizado e provocar mais dificuldade a respirar ou até mesmo uma paragem cardiorrespiratória. Por isso, é importante ter muito cuidado quando se manipula um animal neste estado crítico. A primeira coisa que deve fazer é levar o seu animal ao veterinário mais próximo.

Caso não consiga chegar rapidamente ao veterinário e o seu cachorro esteja deitado e com língua roxa, você deve colocá-lo deitado para o lado direito (ficando o esquerdo para cima) e tentar sentir os batimentos cardíacos junto ao local onde o cotovelo do cachorro toca nas costelas. Caso não sinta nada e o animal não esteja respondendo, inicie 5 massagens cardíacas (não muito bruscas), seguida de um sopro nas narinas com a boca fechada. Tente realizar isso pelo menos três vezes, ou até chegar à clínica/hospital.

Uma vez no veterinário e antes de qualquer coisa o animal deve ser estabilizado através de suplementação de oxigênio para o ajudar a respirar melhor. em seguida, você deve contar detalhadamente o que aconteceu e um exame físico deve ser feito. Observar o padrão respiratório, ajuda a direcionar o tipo de tratamento de urgência a ser aplicado.

Algumas perguntas que o veterinário pode fazer são:

  • O animal tem algum problema cardíaco ou respiratório pré-existente?;
  • Episódio de traumatismo ou de ingestão de tóxicos?;
  • Apresenta tosse?;
  • Tem intolerância ao exercício?;
  • Algum episódio de síncope (desmaio)?;
  • Convulsões?;
  • Espirros?;
  • Vômitos?;
  • Alterações do comportamento?.

É importante que forneça ao médico veterinário o máximo de informação possível para ajudar no diagnóstico. Depois de o animal estar estável é que se pode avançar com outros exames complementares de diagnóstico.

Confira nosso vídeo do YouTube e saiba quais são as 10 coisas que deixam os cachorros estressados:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Fuentes, V.L.,Johnson, L., Dennis, S. (2010) BSAVA Manual of Canine and Feline Cardiorespiratory Medicine, 2nd Edition, pp368