Aves que arrancam as próprias penas - principais motivos!

Aves que arrancam as próprias penas - principais motivos!

Aves arrancando suas próprias penas é um problema mais comum do que você pode pensar! Embora este problema não ocorra com aves em liberdade, ele é frequente em aves mantidas em cativeiro. Existem diferentes motivos que levam uma ave a arrancar as próprias penas ou mesmo chegar a se mutilar!

Sabemos o quão desesperante é ver a sua calopsita ou o seu papagaio cada vez com menos penas e você sem perceber o que está passando de errado.

Por este problema ser muito comum, o PeritoAnimal escreveu este artigo sobre aves que arrancam suas penas e quais os motivos que originam esse comportamento anômalo. Continue lendo!

Porque o papagaio arranca as próprias penas?

O arrancamento e/ou mastigamento das penas e por vezes até da própria pele, é chamado de picacismo. Este comportamento não deve ser considerado um diagnóstico, mas antes um sinal clínico já que pode ter como origem diferentes doenças ou problemas.

Este problema é muito comum em psitacídeos, vulgarmente chamados de papagaios. A ordem Psittaciformes (os psitacídeos) inclui diferentes aves desde calopsitas, periquitos, catatuas e grandes papagaios. Alguns estudos têm indicado que a os papagaios cinzentos (Psittacus erithacus) são os papagaios que arrancam penas mais frequentemente[1][2].

O picacismo pode ter diferentes graus de agressividade. Por vezes, começa apenas por uma ave estar mastigando as suas penas, tendo consequências mais a nível estético. Os casos mais comuns são quando os papagaios arrancam as penas. Em situações mais graves, a ave pode mesmo chegar a se auto-mutilar, podendo originar infeções. Como consequência, pode ser alterada a termorregulação por existirem alterações nos ciclos normais de muda das penas.

Se você detectou que o seu papagaio está arrancando as próprias penas, independentemente da gravidade do picacismo, consulte um médico veterinário especialista em animais exóticos. Quanto mais depressa for diagnosticada a origem do problema, mais rapidamente pode iniciar um tratamento e não deixar o caso progredir. O picacismo é uma síndrome muito complexa e principalmente em casos de etiologia comportamental, o tratamento pode ser muito complicado e o prognóstico piora consideravelmente com o passar do tempo.

O seu papagaio pode estar arrancando as penas por diferentes motivos, sendo os três principais:

  • Problemas fisiológicos
  • Problemas ambientais
  • Problemas psicológicos

O médico veterinário se auxilia de dados como a distribuição das lesões, a progressão do caso e o início do problema para determinar qual a origem. Tipicamente, o picacismo afeta as zonas do corpo que o animal consegue aceder com o bico, nomeadamente o peito, as costas, debaixo das asas e membros inferiores. A ave pode estar arrancando penas num localizadamente ou de forma generalizada. Algumas aves arrancam as penas de todo o lado excepto da cabeça, a única parte do corpo onde não conseguem aceder com o bico.

Porque a calopsita arranca penas?

Embora seja menos frequente o aparecimento de picacismo em calopsitas[3], de vez em quando surgem alguns casos de calopsitas com penas arrancadas nas clínica veterinárias.

Como já referimos, este problema pode ter origem fisiológica, ambiental e psicológica. A maior parte das vezes, existe mais do que causa despoletando o problema para a calopsita estar tirando suas penas!

Causas fisiológicas

Existem inúmeras causas fisiológicas ou orgânicas que podem originar picacismo. Antes do médico veterinário concluir que a sua ave está arrancando penas por um problema psicológico ou ambiental, ele vai ter de excluir todas as possíveis causas orgânicas. Estes são alguns dos exemplos de possíveis causas fisiológicas:

  • Alergias
  • Má nutrição
  • Hipovitaminose A ou B
  • Deficiência em ácidos gordos
  • Problemas no fígado
  • Pancreatite
  • Dermatite
  • Osteoporose
  • Problemas hormonais
  • Tumores/neoplasias
  • Hipocalcemia
  • Problemas genéticos
  • Impactação da glândula uropigial
  • Vírus: poliomavírus, papilomavírus
  • Fungos: Aspergilose

Problemas ambientais

Depois de excluir os possíveis processos patológicos associados ao arrancamento de penas, o veterinário irá rever os possíveis problemas ambientais. Por vezes, a mais pequena alteração ambiental pode ser um motivo de estresse para a ave e dar início um comportamento anômalo. Se a sua calopsita está arrancando penas, é importante que você reveja atentamente como cuidar uma calopsita, para garantir que lhe está proporcionando todas as condições adequadas. Um ambiente com falta de estímulos é muito propício ao aparecimento de desvios comportamentais como o picacismo. As aves na natureza passam a maior parte do tempo buscando comida. Em cativeiro, a comida está sempre à disposição e as aves têm de procurar ocupar o tempo delas com outras atividades. Cuidar e limpar das penas ocupa uma pequena percentagem do dia da ave. Algumas aves, quando não têm mais nada que fazer, começam tendo um comportamento exagerado de cuidar das penas delas, começando a danificar as penas. Quando uma pena está muito danificada, é normal a ave arrancar! As aves odeiam ter as penas desorganizadas e estragadas, elas cuidam muito do aspecto delas. Se um excesso de cuidado começa a danificar as penas da ave, ela começa arrancando e acaba se tornando num ciclo vicioso.

Mudou recentemente a gaiola de lugar e a ave começou a arrancar penas? Adotaram um novo animal? Mudou a rotina da ave? Um motivo ambiental pode ser tão simples como alguma destas situações.

Origem psicológica ou comportamental

Alguns problemas do foro psicológico têm consequências visíveis a nível comportamental. Tal como os cachorros e os gatos, as aves também pode sofrer de ansiedade por separação. As aves são animais muito sociáveis e precisam de muita interação. Principalmente no caso de um indivíduo alojado sozinho (sem outras aves da mesma espécie), depende dos humanos para suprir as necessidades sociais dele. Se você tem apenas uma ave e tem pouco tempo para ela, é possível que durante a sua ausência, ela fique extremamente entediada e comece arrancando as penas. Geralmente, este comportamento ocorre assim que você sai de casa.

Outra possível causa do foro psicológico são as fobias. Uma fobia se define como um medo exagerado e inexplicável sem motivo aparente[4]. Os psitacídeos são, geralmente, muito medrosos e ficam nervosos com pessoas e objetos novos. Uma fobia não é um simples medo. Se a sua ave entra em pânico por algum motivo e voa dentro da gaiola esbarrando contra as grades, inclusive danificando as penas, muito provavelmente ela tem uma fobia.

O estresse é uma das principais causas de picacismo. Na natureza, quando as aves se sentem ameaçadas por algum motivo, a primeira reação dela é fugir. Em cativeiro, raramente as aves têm possibilidade de fuga uma vez que estão fechadas numa gaiola. Assim, pequenos factores que estressam a ave, como alguém novo se aproximar da gaiola ou outro animal da casa, podem assustar o psitacídeo. Como a ave não tem para onde fugir quando se assusta, ela canaliza o estresse dela para outro comportamento: arrancar penas!

Existem inúmeros fatores de estresse em aves. Confira alguns deles:

  • Privação de sono
  • Presença de predadores (cães, gatos)
  • Crianças
  • Ambientes demasiado barulhentos
  • Ambientes demasiado silenciosos
  • Gaiola sem espaços resguardados
  • Mudança na rotina
  • Mudança de clima

Canaria arranca as penas

Embora não seja tão comum, existem outras aves que arrancam as penas, como por exemplo os canários. Nestas espécies, a origem psicológica e comportamental é pouco frequente. Geralmente, este problema está associado a outra doenças. Uma possibilidade é ser devido a uma doença parasitária, causada por piolhos ou ácaros.

Se você tem um canário, deve garantir que tem todos os cuidados necessários que promovam o bem-estar dele e consequentemente evitem o aparecimento de problemas secundários a um mau maneio.

Outras causas de Picacismo

Causas reprodutivas

Por vezes, existe picacismo associado à época reprodutiva. As aves arrancam as próprias penas para acomodar os ovos e as crias. Este tipo de picacismo é temporário e por esse motivo não é preocupante. Tipicamente, as regiões sem penas são: pescoço, pernas e abdômen. A região sem penas do abdômen permite que a ave tenha espaço para acolher e aquecer as crias.

Picacismo iatrogênico

Este tipo de picacismo ocorre devido a um mau maneio no corte das penas. Alguns tutores destas aves, optam por cortar as penas de voo. Quando este corte não é bem feito, as penas ficam danificadas. Como já referimos anteriormente, as aves são muito perfeccionistas com o estado das penas delas. Por esse motivo, se sentem que uma pena está danificada é muito provável que a arranquem. Por outro lado, gaiolas de pequenas dimensões podem também danificar as penas da ave e estar na origem do comportamento de picacismo.

Como você leu, são muito diversos os motivos que levam a ave a arrancar as próprias penas. Se a sua ave está tendo este comportamento anômalo, consulte um médico veterinário especialista em comportamento de aves. Quanto mais cedo se iniciar um tratamento e se fizeram as mudanças ambientais necessárias, mais rapidamente a ave vai deixar de arrancar as penas dela. Infelizmente, este problema é muito complicado e por vezes requer meses de tratamento.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Referências
  1. Garner, M. M., Clubb, S. L., Mitchell, M. a, & Brown, L. (2008). Feather-picking psittacines: histopathology and species trends. Veterinary Pathology, 45(3), 401–8.
  2. Gaskins, L. A., & Hungerford, L. (2014). Nonmedical Factors Associated WithFeather Picking in Pet Psittacine Birds. Journal of Avian Medicine and Surgery, 28(2),109–117.
  3. Seibert LM (2006). Feather-Picking Disorder in Pet Birds. In: Luescher AU. Manual of Parrot Behavior, 1.ª ed. USA: Blackwell Publishing, 255-265.
  4. Wilson, L., & Luescher, A. U. (2006). Parrots and Fear. In: Manual of Parrot Behavior, 1st ed. Ed. Luescher, A. U. Iowa: Blackwell Publishing. pp. 225–231.