Aves migratórias: características e exemplos

Aves migratórias: características e exemplos

As aves são um grupo de animais que evoluíram a partir dos répteis. Esses seres têm como característica principal o corpo coberto por penas e a capacidade de voar, mas será que todas as aves voam? A resposta é não, muitas aves, por falta de predadores ou por terem desenvolvido outra estratégia de defesa, perderam a capacidade de voar.

Graças ao voo, as aves podem percorrer longas distâncias. No entanto, algumas espécies começam a migração quando suas asas ainda não se desenvolveram. Você quer saber mais sobre aves migratórias? Neste artigo do PeritoAnimal, vamos te contar tudo sobre elas!

O que é migração de animais?

Se você já se perguntou o que são aves migratórias primeiro você precisa entender o que é a migração. A migração animal é um tipo de movimento em massa de indivíduos de uma espécie. É um movimento muito forte e persistente, que para esses animais é impossível de resistir, segundo os pesquisadores. Parece depender de algum tipo de inibição temporária da necessidade das espécies de manter seu território, e é mediada pelo relógio biológico, pela mudança do horário de verão e da temperatura. Não são apenas as aves que realizam esses movimentos migratórios, mas também outros grupos de animais, como o plâncton, muitos mamíferos, répteis, insetos, peixes e outros.

O processo de migração fascina os pesquisadores há séculos. A beleza dos movimentos de grupos de animais, juntamente com o feito de superar barreiras físicas impressionantes, como desertos ou montanhas, fez com a migração fosse alvo de muitos estudos, especialmente quando destinados a pequenas aves migratórias.

Características da migração animal

Os movimentos migratórios não são deslocamentos sem sentido, eles foram rigorosamente estudados e são previsíveis para os animais que os realizam, como no caso das aves migatórias. As características da migração animal são:

  • Envolve o deslocamento de uma população completa de animais da mesma espécie. Os movimentos são muito maiores que a dispersão realizada pelos jovens, os movimentos diários em busca de comida ou os movimentos típicos de defesa do território.
  • A migração tem uma direção, uma meta. Os animais sabem para onde estão indo.
  • Algumas respostas específicas são inibidas. Por exemplo, mesmo que as condições sejam ideais onde esses animais estão, se chegar a hora, a migração vai começar.
  • Os comportamentos naturais das espécies podem variar. Por exemplo, aves diurnas podem voar durante a noite para evitar predadores ou, se estiverem sozinhas, se agrupar para realizar a migração. A "inquietação migratória" pode aparecer. As aves começam a se sentir muito nervosas e desconfortáveis nos dias anteriores ao início da migração.
  • Os animais acumulam energia na forma de gordura para evitar ter que comer durante o processo de migração.

Saiba também quais são as características das aves de rapina nesse artigo do PeritoAnimal.

Exemplos de aves migratórias

Muitas aves fazem longos movimentos migratórios. Esses deslocamentos são geralmente iniciados no norte, onde eles têm seus territórios de nidificação, em direção ao sul, onde passam o inverno. Alguns exemplos de aves migratórias são:

Andorinha-das-chaminés

A andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica)​ é uma ave migratória que vive em diferentes climas e faixas altitudinais. Habita principalmente a Europa e América do Norte, passando o inverno na África Subsaariana, sudoeste da Europa e sul da Ásia e América do Sul. Segundo a IUCN, sua população está diminuindo, sendo considerada uma espécie de menor preocupação[1]. É um dos tipos de andorinhas mais populares, além disso, tanto os indivíduos quanto seus ninhos são protegidos por lei em vários países.

Guincho-comum

O guincho-comum (Chroicocephalus ridibundus) habita principalmente a Europa e a Ásia, embora também possa ser encontrado na África e na América nas épocas de reprodução ou de passagem. Sua tendência populacional é desconhecida e, embora não sejam estimados riscos significativos para a população, esta espécie é suscetível à gripe aviária, botulismo de aves, derramamento de óleo costeiro e contaminantes químicos. Segundo a IUCN, seu status é de menor preocupação[2].

Cisne-bravo

O cisne-bravo (Cygnus cygnus) é uma das aves migratórias ameaçadas principalmente devido ao desmatamento, embora também seja considerada uma espécie de menor preocupação pela IUCN[3]. Existem diferentes populações que podem migrar da Islândia para o Reino Unido, da Suécia e Dinamarca para a Holanda e Alemanha, do Cazaquistão para o Afeganistão e Turcomenistão e da Coreia para o Japão. Há também dúvidas sobre uma população migrando da Sibéria Ocidental para Kamnchatka[4], Mongólia e China[5].

Você já se perguntou se pato voa? Confira a resposta dessa questão nesse artigo do PeritoAnimal.

Flamingo-comum

Dentre as aves migratórias, o flamingo-comum (Phoenicopterus roseus) realiza movimentos nômades e parcialmente migratórios de acordo com a disponibilidade de alimentos. Viaja da África Ocidental até o Mediterrâneo, incluindo também o sudoeste e sul da Ásia e a África Subsaariana. Eles viajam regularmente para regiões quentes no inverno, colocando suas colônias reprodutoras no Mediterrâneo e na África Ocidental principalmente[6].

Esses animais gregários se movem em colônias grandes e densas de até 200.000 indivíduos. Fora da estação reprodutiva, os bandos são de cerca de 100 indivíduos. É considerado um animal de menor preocupação, embora felizmente sua tendência populacional esteja aumentando, de acordo com a IUCN, graças aos esforços feitos na França e na Espanha para combater a erosão e a falta de ilhas de nidificação para melhorar a reprodução dessa espécie.[6]

Cegonha-preta

A cegonha-preta (Ciconia nigra) é um animal completamente migratório, no entanto, algumas populações também são sedentárias, por exemplo na Espanha. Elas viajam formando uma frente estreita ao longo de rotas bem definidas, individualmente ou em pequenos grupos, de no máximo 30 indivíduos. Sua tendência populacional é desconhecida, portanto, segundo a IUCN, é considerada uma espécie de menor preocupação[7].

Aves migratórias: mais exemplos

Ainda está querendo mais? Confira essa lista com mais exemplos de aves migratórias para que você possa se informar em detalhes:

  • Ganso-grande-de-testa-branca (Anser albifrons)​;
  • Ganso-do-pescoço-vermelho (Branta ruficollis);
  • Marreco (Spatula querquedula)​;
  • Pato-preto (Melanitta nigra)​;
  • Mobelha-pequena (Gavia stellata)​;
  • Pelicano-comum (Pelecanus onocrotalus);
  • Garça-caranguejeira (Ardeola ralloides);
  • Garça-imperial (Ardea purpurea);
  • Milhafre-preto (Milvus migrans);
  • Águia-pescadora (Pandion haliaetus);
  • Tartaranhão-ruivo-dos-pauis (Circus aeruginosus);
  • Tartaranhão-caçador (Circus pygargus);
  • Perdiz-do-mar-comum (Glareola pratincola);
  • Tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola);
  • Abibe-comum (Vanellus vanellus);
  • Pilrito-das-praias (Calidris alba);
  • Gaivota-de-asa-escura (Larus fuscus);
  • Gaivina-de-bico-vermelha (Hydropogne caspia);
  • Andorinha-dos-beirais (Delichon urbicum);
  • Andorinhão-preto (Apus apus);
  • Alveóla-amarela (Motacilla flava);
  • Pisco-de-peito-azul (Luscinia svecica);
  • Rabirruivo-de-testa-branca (Phoenicurus phoenicurus);
  • Chasco-cinzento (Oenanthe oenanthe);
  • Picanço-barreteiro (Lanius senator);
  • Escrevedeira-dos-caniços (Emberiza schoeniclus).

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Aves migratórias com migrações mais longas

A ave migratória que faz a migração mais longa do mundo, atingindo mais de 70.000 quilômetros, é a andorinha-do-Ártico (Sterna paradisaea). Este animal se reproduz nas águas frias do Pólo Norte, quando é verão neste hemisfério. No final de agosto, elas começam a migrar para o Pólo Sul e chegam lá em meados de dezembro. Esta ave pesa cerca de 100 gramas e sua envergadura está entre 76 e 85 centímetros.

A pardela-escura (Puffinus griseus) é outra ave migratória que deixa pouco a desejar para a Andorinha-do-Ártico. Os indivíduos dessa espécie cuja rota migratória é a que vai das ilhas Aleutas no mar de Bering para a Nova Zelândia, também cobrem uma distância de 64.000 quilômetros.

Na imagem, mostramos as rotas de migração de cinco Andorinhas-do-Ártico, rastreadas desde a Holanda. As linhas pretas representam a viagem para o sul e as linhas cinza para o norte[8].

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Referências
  1. BirdLife International 2016. Hirundo rustica. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22712252A87461332. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22712252A87461332.en. Downloaded on 22 August 2019.
  2. BirdLife International 2018. Larus ridibundus. The IUCN Red List of Threatened Species 2018: e.T22694420A132548687. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T22694420A132548687.en. Downloaded on 22 August 2019.
  3. BirdLife International 2016. Cygnus cygnus. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22679856A85965262. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22679856A85965262.en. Downloaded on 22 August 2019.
  4. Mathiasson, S. (2013). Eurasian Whooper Swan Cygnus cygnus migration with particular reference to birds wintering in southern Sweden. Wildfowl, 201-208.
  5. Li, S., Meng, W., Liu, D., Yang, Q., Chen, L., Dai, Q., ... & Yu, P. (2018). Migratory whooper swans Cygnus cygnus transmit H5N1 virus between China and Mongolia: combination evidence from satellite tracking and Phylogenetics analysis. Scientific reports, 8(1), 7049.
  6. BirdLife International 2018. Phoenicopterus roseus. The IUCN Red List of Threatened Species 2018: e.T22697360A131878173. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T22697360A131878173.en. Downloaded on 22 August 2019.
  7. BirdLife International 2017. Ciconia nigra (amended version of 2016 assessment). The IUCN Red List of Threatened Species 2017: e.T22697669A111747857. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2017-1.RLTS.T22697669A111747857.en. Downloaded on 22 August 2019.
  8. Fijn, R. C., Hiemstra, D., Phillips, R. A., & van der Winden, J. (2013). Arctic Terns Sterna paradisaea from the Netherlands migrate record distances across three oceans to Wilkes Land, East Antarctica. Ardea, 101(1), 3-13.
Bibliografia
  • Egevang, C., Stenhouse, I. J., Phillips, R. A., Petersen, A., Fox, J. W., & Silk, J. R. (2010). Tracking of Arctic terns Sterna paradisaea reveals longest animal migration. Proceedings of the National Academy of Sciences, 107(5), 2078-2081.
  • Hedd, A., Montevecchi, W. A., Otley, H., Phillips, R. A., & Fifield, D. A. (2012). Trans-equatorial migration and habitat use by sooty shearwaters Puffinus griseus from the South Atlantic during the nonbreeding season. Marine Ecology Progress Series, 449, 277-290.
  • Naranjo LG. 2004. Conferencia "Las aves migratorias y la planificación del manejo de reservas naturales". En: Reunión técnica del proyecto "Conservación de hábitats para aves migratorias para aves migratorias en la cuenca del Río Orinoco". Villavicencio, Meta.
  • Ocampo-Peñuela, N. (2010). El fenómeno de la migración en aves: una mirada desde la Orinoquia. Orinoquia, 14(2), 188-200.