Animais que vivem em cavernas e tocas

Animais que vivem em cavernas e tocas

A diversidade animal do planeta conquistou quase todos os ecossistemas existentes para seu desenvolvimento, resultando em pouquíssimos lugares que não são o lar de algum tipo de fauna. Neste artigo do Peritoanimal queremos lhe apresentar um artigo sobre animais que vivem em cavernas, conhecidos como animais cavernícolas, e também aqueles que vivem em tocas, que desenvolveram várias características que facilitam a vida nestes lugares.

Há três grupos de animais com adaptações ao habitat das cavernas e tal classificação ocorre de acordo com o uso que eles dão ao ambiente. Assim, há os animais troglóbios, os animais troglófilos e os animais troglóxenos. Neste artigo também falaremos sobre um outro grupo chamado de animais fossoriais.

Você quer conhecer diferentes exemplos de animais que vivem em cavernas e tocas? Então continue lendo!

 

Grupos de animais que vivem em cavernas e tocas

Como já adiantamos, existem três grupos de animais que vivem em cavernas. Aqui os destalharemos melhor:

  • Animais troglóbios: são aquelas espécies que em seu processo evolutivo se adaptaram para viver exclusivamente em cavernas ou grutas. Entre eles estão alguns anelídeos, crustáceos, insetos, aracnídeos e até espécies de peixes como os lambaris.
  • Animais troglóxenos: são os animais que são atraídos por cavernas e podem desenvolver vários aspectos como reprodução e alimentação dentro delas, mas também podem estar fora delas, como algumas espécies de serpentes, roedores e os morcegos.
  • Animais troglófilos: são animais que podem viver fora da caverna ou dentro, mas não possuem órgãos especializados para as cavernas, como os troglóbios. Neste grupo estão alguns tipos aracnídeos, crustáceos e insetos tais como besouros, baratas, aranhas e piolhos de cobra.

Dentre os animais que vivem tocas, destacamos os animais fossoriais. Eles são os indivíduos escavadores e vivem no subsolo, mas também podem se movimentar na superfície, como o rato-toupeira-pelado, o texugo, as salamandras, alguns roedores e até alguns tipos de abelhas e vespas.

A seguir você conhecerá várias espécies que fazem parte destes grupos.

Proteus

O proteus (Proteus anguinus)É um anfíbio troglóbio que respira através das brânquias e tem a peculiaridade de não desenvolver metamorfose, de modo que mantém quase todas as características larvares mesmo durante a fase adulta. Assim, aos 4 meses de vida, um indivíduo é igual aos seus progenitores. Este anfíbio é o único membro do gênero Proteus e tem uma aparência semelhante a alguns espécimes de axolote.

É um animal com um corpo alongado, de até 40 cm, com uma aparência semelhante a uma cobra. Esta espécie é encontrada em habitats aquáticos subterrâneos na Eslovênia, Itália, Croácia e Bósnia.

Guácharo

O guácharo (Steatornis caripensis) uma ave troglófila nativa da América do Sul, encontrada principalmente na Venezuela, Colômbia, Brasil, Peru, Bolívia e Equador, embora pareça estar presente em outras regiões do continente. Foi identificada pelo naturalista Alexander von Humboldt em uma de suas expedições à Venezuela.

O guácharo também é conhecido como o pássaro da caverna porque passa o dia inteiro neste tipo de habitat e só sai à noite para se alimentar de frutas. Por ser um dos animais que vivem em cavernas, onde não há luz, ele se situa por ecolocalização e depende de seu olfato desenvolvido. Geralmente, as cavernas que habita são uma atração turística para ouvir e ver este pássaro peculiar sair uma vez que a noite cai.

Morcego-de-peluche

As várias espécies de animais quirópteros são um exemplo típico de troglófilos, e o morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersii) é um deles. Este mamífero é de tamanho médio, conta com cerca de 5-6 cm, tem uma pelagem densa, coloração acinzentada no dorso e mais clara na área ventral.

Este animal é distribuído do sudoeste da Europa, norte e oeste da África através do Oriente Médio até o Cáucaso. Ele fica pendurado nas áreas altas das cavernas localizadas nas regiões em que habita e geralmente se alimenta em áreas próximas à caverna.

Se você gosta desses animais, descubra os diferentes tipos de morcegos e suas características neste outro artigo.

Aranha Sinopoda scurion

Esta é uma aranha troglóbia identificada há poucos anos em Laos, em um sistema de cavernas de cerca de 100 km. Pertence à família Sparassidae, um grupo de aracnídeos conhecido como aranhas-caranguejeiras gigantes.

A peculiaridade desta aranha caçadora é sua cegueira, muito provavelmente causada pelo habitat sem luz no qual é encontrada. Neste sentido, não possui lentes oculares ou pigmentos. Sem dúvida, é um dos animais que vivem em cavernas mais curiosos.

Imagem: pinterest.com

Toupeira europeia

As toupeiras são um grupo que está totalmente adaptado a viver em tocas que elas mesmas cavam no chão. A toupeira europeia (Talpa europaea) é um exemplo disso, sendo um mamífero fossorial de pequeno tamanho, atingindo até 15 cm de comprimento.

Sua gama de distribuição é ampla, estando localizada tanto na Europa como na Ásia. Embora possa habitar diferentes tipos de ecossistemas, é geralmente encontrada em florestas decíduas (com árvores caducifólias). Ela constrói uma série de túneis pelos quais se move e, no fundo, fica a toca.

Rato-toupeira-pelado

Apesar de seu nome popular, este animal não compartilha a classificação taxonômica com as toupeiras. O rato-toupeira-pelado (Heterocephalus glaber) é um roedor de vida subterrânea caracterizado pela ausência de pelos, o que lhe dá uma aparência bastante marcante. Portanto, é um exemplo claro de animais que vivem em cavernas subterrâneas. Outra característica peculiar é sua longevidade dentro do grupo de roedores, pois pode viver cerca de 30 anos.

Este animal fossorial tem uma estrutura social complexa, semelhante à de alguns insetos. Neste sentido, há uma rainha e múltiplos trabalhadores, e estes últimos são encarregados de cavar os túneis pelos quais viajam, buscar alimentos e proteger contra invasores. É nativo da África Oriental.

Roedor Zygogeomys trichopus

Estes animais são relativamente grandes em comparação com outros roedores, grupo a que pertencem. Neste sentido, eles medem cerca de 35 cm. Provavelmente devido a sua vida quase exclusivamente subterrânea, seus olhos são bastante pequenos.

É uma espécie endêmica do México, especificamente Michoacán. Habita em solos profundos, cavando tocas de até 2 metros de profundidade, portanto é uma espécie fossorial zada e, portanto, outro dos mais representativos animais que vivem em tocas. Ela vive em florestas de montanha, como pinheiros, abetos e amieiros.

Imagem: Reprodução/Alchetron

Castor-americano

O castor-americano (Castor canadensis) é considerado o maior roedor da América do Norte, medindo até 80 cm. Tem hábitos semi-aquáticos, portanto, passa longos períodos na água, podendo submergir por até 15 minutos.

É um animal que pode fazer modificações importantes no habitat onde está localizado devido à construção das represas características do grupo. É especialista na construção de suas tocas, para as quais utiliza toras, musgo e lama, que estão localizados perto dos rios e riachos onde se encontra. É nativo do Canadá, dos Estados Unidos e do México.

Tartaruga-de-esporas-africana

Outro dos animais que vivem tocas mais curiosos e marcantes é a tartaruga-de-esporas-africana (Centrochelys sulcata), que é outra espécie fossorial. É uma tartaruga terrestre pertencente à família Testudinidae. É considerada a terceira maior do mundo, com o macho pesando até 100 kg e com o casco medindo 85 cm de comprimento.

Está amplamente distribuída em diferentes regiões da África e pode ser encontrado próximo a rios e riachos, mas também em áreas com dunas. Geralmente, fica na superfície de manhã e na estação chuvosa, mas no resto do dia constuma situar-se em tocas profundas que escava de até 15 metros. Essas tocas podem às vezes ser usadas por mais de um indivíduo.

Eupolybothrus cavernicolus

Este é mais um dos animais que vivem em cavernas. É uma espécie de centopeia troglóbia endêmica de duas cavernas na Croácia que foi identificada há relativamente poucos anos. Na Europa é popularmente chamada de cyber-centopeia porque é a primeira espécie eucariótica que foi totalmente perfilada geneticamente tanto no DNA quanto no RNA, assim como morfológica e anatomicamente registrada com o uso de equipamentos altamente avançados.

Mede cerca de 3 cm, tem uma coloração que varia de amarelo-acastanhada a marrom-acastanhada. Uma das cavernas onde ela vive tem mais de 2.800 metros de comprimento e há água presente. Os primeiros indivíduos coletados estavam localizados no chão sob as rochas, em áreas sem luz, mas a cerca de 50 metros da entrada, portanto, é outro dos animais que vivem em cavernas subterrâneas.

Outros animais que vivem em cavernas ou tocas

As espécies mencionadas acima não são os únicos animais que vivem em cavernas ou são capazes de cavar tocas e levar uma vida subterrânea. Há muitos outros que compartilham estes hábitos. Aqui estão alguns deles:

  • Neobisium birsteini: é um pseudoscorpião troglóbio.
  • Troglohyphantes sp.: é uma espécie de aranha troglófila.
  • Schaefferia profundisima: é um tipo de artrópode troglóbio.
  • Plutomurus ortobalaganensis: um tipo de artrópode troglóbio.
  • Catops cavicis: este é um coleóptero troglófilo.
  • Oryctolagus cuniculus: é o coelho comum, um dos animais de toca mais conhecidos, portanto, é uma espécie fossorial.
  • Marmota baibacina: é a marmota cinza, que também vive em tocas e é uma espécie fossorial.
  • Dipodomys agilis: é o rato-canguru, também um animal fossorial.
  • Meles meles: é o texugo-comum, uma espécie fossorial que vive em tocas.
  • Eisenia foetida: é a minha-vermelha, outro animal fossorial.

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Bibliografia
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