Animais que se fingem de mortos

Animais que se fingem de mortos

Você conhece algum animal que se finge de morto? Não vale falar cachorro, já que é um truque aprendido! A tanatose ou imobilidade tônica, que é o termo mais aceito pela literatura científica, refere-se a um comportamento ou estado de inatividade que certos animais possuem com a finalidade de parecerem mortos.E Eles fazem isso quando são detectados por um predador e não há possibilidade de fuga, portanto, usam este mecanismo para ver se é possível que o atacante, acreditando que a presa morreu, não realize uma ação violenta que realmente tire sua vida e, assim, exista a possibilidade dele perder o interesse pela presa e assim, surgir a a oportunidade de escapar.

Foi documentado que a imobilidade tônica envolve certas mudanças fisiológicas nos animais, como diminuição do ritmo cardíaco e respiratório, que também pode incluir manter os olhos abertos, a língua para fora e, em certos casos, emitir fluidos. Outras razões para se fingir de morto podem ser mais para fins de caça ou reprodução. Continue lendo este artigo do PeritoAnimal e conheça os animais que se fingem de mortos.

Gambá-da-Virgínia

Um dos animais mais icônicos que se fingem de mortos para sobreviver é o gambá-da-Virgínia (Didelphis virginiana). Quando é localizado por um predador, este animal, se tiver chance, tentará fugir, mas se não, tentará persuadir um ataque mostrando os dentes, emitindo alguns sons e aparentando ser maior do que é de fato. Se isso não detiver o atacante, o marsupial entra em um estado de imobilidade tônica, fingindo sua morte, o que pode durar até várias horas.

A capacidade de se fingir de morto é extremamente real e isso acontece principalmente em animais jovens, já que os adultos tendem a ter maior capacidade para fugir de predadores.

Conheça mais curiosidades desses animais incríveis neste outro artigo: "Tipos de gambás".

Coelho europeu

Outro mamífero que utiliza a tanatose para tentar distrair seu predador e ter uma oportunidade de fugir é o coelho europeu (Oryctolagus cuniculus). Embora os espécimes adultos que desenvolvem bons tamanhos são muito ágeis e velozes tanto para escapar como para se refugiar nas tocas, nem sempre estão isentos de um predador se aproximar o suficiente, como em indivíduos mais jovens e mais fracos, portanto, imitar o estado de morte é uma estratégia para a sobrevivência.

Perereca-de-folhagem

Dentro dos anuros também existem espécimes de animais que se fingem de mortos, e um deles é encontrado na perereca-de-folhagem (Phyllomedusa burmeisteri), nativa do Brasil. É comum que alguns anfíbios secretem substâncias tóxicas que afetem seus predadores, mas em certos casos estas não são suficientes, então eles utilizam a imobilidade tônica para persuadir seu agressor. Até se uma pessoa pega essa perereca com a mão, pensará que o animal está morto.

Cobra-de-água-de-colar

Entre os répteis também encontramos exemplos de animais que se fingem de mortos para se defender e sobreviver. Um caso é a cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix), nativa da Ásia e Europa, conhecida também como serpente-das-relvas, a qual é uma espécie não venenosa, mas que utiliza diversas estratégias de defesa quando se sente ameaçada, como expelir sangue, entrar em posição de ataque e emitir alguns sons. Se isso não funcionar, entra em estado de imobilidade, deixando seu corpo flácido, o que dá a ideia de estar morta.

No entanto, esta não é a única espécie com essa estratégia, pois existem várias cobras que se fingem de mortas, como:

  • Cobra-trepadeira-de-cauda-preta (Drymarchon melanurus erebennus)
  • Cobra-de-nariz-de-porco-oriental (Heterodon platirhinos)
  • Cobra-de-colar-mediterrânea (Natrix astreptophora)

Maquech

No grupo dos insetos também existem espécies que utilizam essa estratégia para tentar se proteger de predadores. Assim, nos encontramos com este pequeno besouro endêmico do México, o maquech (Zopherus chilensis) que, diante de um contato físico incomum que sugere perigo, passa a retrair as patas e antenas para baixo do corpo, se mantendo assim por alguns minutos até períodos mais longos. O corpo do inseto se manterá rígido e com os membros o mais cobertos possíveis enquanto durar o perigo potencial sendo, assim, outro dos animais que se fingem de mortos.

Imagem: colombia.naturalist.org

Besouro rajado

Outro tipo de besouro que realiza tanatose para sobreviver é o besouro rajado (Agriotes lineatus), no entanto, ao contrário da anterior, a imobilidade foi determinada no estado larval do animal, ou seja, quando está na forma de larva, que é quando é mais suscetível a ser predado, por exemplo, pelas aves. Dentro das diferentes espécies do gênero, A. lineatus é a que apresentou maior tempo de imobilidade tônica.

Formiga-de-fogo

As trabalhadoras jovens da formiga-de-fogo (Solenopsis invicta), diante de um possível ataque de outras formigas vizinhas, optam por se fingirem de mortas e evitar um confronto. Isso lhes dá uma chance maior de viver porque podem perder no combate. Agora, os indivíduos adultos tendem a se enfrentar e não utilizam a estratégia da imobilidade.

Aranha-teia-de-berçário

A tanatose, além de ser usada para evitar a predação, também é usada por algumas espécies com a finalidade de acasalar, e temos um exemplo na aranha-teia-de-berçário (Pisaura mirabilis). É usual que as fêmeas procurem predar os machos, de modo que estes preparam algum alimento, como um inseto, que amarram ao seu corpo e fingem estar mortos. A fêmea se aproxima e arrasta a isca que o macho colocou, assim, enquanto ela desfruta da comida, ele se torna ativo e tenta realizar a copulação. O processo dá um alto resultado de reprodução nesses animais.

Cíclideo-de-Livingston

Ao contrário de evitar a predação, a imobilidade tônica também é utilizada para caçar. Um exemplo disso é este peixe de água doce, o cíclideo-de-Livingston, conhecido também como kalingono, que significa "adormecido" (Nimbochromis livingstonii). Assim, este peixe se coloca sobre o substrato no fundo da água e se finge de morto. Quando outros peixes dos quais se alimenta se aproximam, ele rapidamente os ataca e os devora.

Patos

As aves não escapam ao grupo de animais que se fingem de mortos para sobreviver e os diferentes tipos de patos são um claro exemplo. Está documentado como diversas espécies de patos, quando capturados por raposas, entram em estado de tanatose. Neste estado, se o canino não tiver experiência suficiente e deixar a ave viva para se alimentar mais tarde, ela poderá escapar. Agora, as raposas mais velhas que aprenderam essa estratégia de fuga de suas presas matam o pato imediatamente após pegá-lo.

Outros animais que se fingem de mortos

Os animais que se fingem de mortos não são poucos, pelo contrário, é uma estratégia mais comum do que pensamos. Se você ainda quiser conhecer mais exemplos de animais que realizam a tanatose, aqui apresentamos mais alguns:

  • Gazela (Gazella gazella)
  • Cobra-marrom (Storeria dekayi)
  • Gafanhoto (Emsleyfolium diasae)
  • Lebre-de-cauda-branca (Lepus townsendi)
  • Rã-anã-de-Kroyer (Physalaemus kroyeri)
  • Cavalo-marinho de focinho longo (Hippocampus reidi)
  • Coelho-da-montanha (Sylvilagus nuttalli)
  • Vendedor-ambulante-comum (libélula) (Aeshna juncea)

Agora que você já conhece diversos animais que se fingem de mortos, não perca este outro artigo sobre os animais que dormem com um olho aberto.

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Bibliografia
  • Cadena, O., De mello, D. y Alves, J. (2019). A new genus of katydid from the Amazon Rainforest (Orthoptera: Tettigoniidae; Phaneropterinae; Steirodontini): Ninth contribution to the suprageneric organization of the Neotropical phaneropterines. Disponível em: <https://www.biotaxa.org/Zootaxa/article/view/zootaxa.4150.4.6>. Acesso em 3 de maio de 2022.
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