Animais bípedes - Exemplos e características

Animais bípedes - Exemplos e características

Quando falamos em bipedismo ou bipedalismo, pensamos imediatamente no ser humano, e muitas vezes esquecemos que existem outros animais que se deslocam dessa forma. Por um lado, existem os símios, os animais que estão evolutivamente mais próximos da nossa espécie, mas a realidade é que existem outros animais bípedes que não estão relacionados entre si, nem com os humanos. Você quer saber quais são?

Neste artigo do PeritoAnimal, vamos te contar quais são os animais bípedes, como foram suas origens, quais as características que compartilham, alguns exemplos e outras curiosidades.

O que são animais bípedes - Características

Os animais podem ser classificados de várias maneiras, e uma delas se baseia em seu modo de locomoção. No caso dos animais terrestres, eles podem se deslocar de um lugar para outro voando, rastejando ou usando as pernas. Os animais bípedes são aqueles que usam apenas duas de suas pernas para se deslocar. Ao longo da história evolutiva, inúmeras espécies, incluindo mamíferos, aves e répteis, evoluíram para adotar essa forma de locomoção, entre elas, os dinossauros e os humanos.

O bipedismo pode ser usado ao caminhar, correr ou pular. Diferentes espécies de animais bípedes podem ter essa forma de locomoção como sua única possibilidade, ou podem utilizá-la em casos específicos.

Diferença entre animais bípedes e quadrúpedes

Os quadrúpedes são aqueles animais que se deslocam utilizando quatro membros locomotores, enquanto os bípedes se movem usando apenas seus dois membros posteriores. No caso dos vertebrados terrestres, todos são tetrápodes, ou seja, seu ancestral comum possuía quatro membros locomotores. No entanto, em alguns grupos de tetrápodes, como as aves, dois de seus membros sofreram modificações evolutivas e isso resultou na locomoção bípede.

As principais diferenças entre bípedes e quadrúpedes são baseadas nos músculos extensores e flexores de seus membros. Nos quadrúpedes, a massa dos músculos flexores das pernas é quase o dobro da dos extensores. Nos bípedes, essa situação é inversa, facilitando a postura ereta.

A locomoção bípede tem várias vantagens em relação à locomoção quadrúpede. Por um lado, aumenta o campo visual, o que permite aos animais bípedes detectem com antecedência os perigos ou possíveis presas. Por outro lado, possibilita a liberação dos membros anteriores, deixando-os disponíveis para realizar diferentes manobras. Por fim, esse tipo de locomoção envolve uma postura ereta, o que permite uma maior expansão dos pulmões e da caixa torácica ao correr ou pular, gerando um maior consumo de oxigênio.

Origens e evolução do bipedismo

Os membros locomotores evoluíram de forma convergente em dois grandes grupos de animais: artrópodes e tetrápodes. Entre os tetrápodes, a condição de quadrúpede é a mais comum. Porém, a locomoção bípede, por sua vez, também surgiu mais de uma vez na evolução animal, em diferentes grupos, e não necessariamente de forma relacionada. Esse tipo de locomoção está presente em primatas, dinossauros, aves, marsupiais saltadores, mamíferos saltadores, insetos e lagartos.

Existem três causas consideradas como as principais responsáveis ​​pelo aparecimento do bipedismo e, consequentemente, dos animais bípedes:

  • A necessidade de velocidade.
  • A vantagem de ter dois membros livres.
  • A adaptação ao voo.

À medida que a velocidade aumenta, o tamanho dos membros posteriores tende a aumentar em comparação com os anteriores, fazendo com que os passos produzidos pelos membros posteriores sejam mais longos do que os anteriores. Nesse sentido, em altas velocidades, os membros dianteiros podem até mesmo se tornar um obstáculo à velocidade.

Dinossauros bípedes

No caso dos dinossauros, acredita-se que o caráter comum é o bipedismo, e que a locomoção quadrúpede posteriormente reapareceu em algumas das espécies. Todos os tetrápodes, grupo ao qual pertencem os dinossauros predadores e também as aves, eram bípedes. Desta forma, podemos dizer que os dinossauros foram os primeiros animais bípedes.

Evolução do bipedismo

O bipedismo também surgiu de forma facultativa em alguns lagartos. Nessas espécies, o movimento produzido pela elevação da cabeça e do tronco é consequência da aceleração para frente combinada com o recuo do centro de massa do corpo, devido, por exemplo, ao alongamento da cauda.

Por outro lado, acredita-se que entre os primatas o bipedismo surgiu há 11,6 milhões de anos como uma adaptação à vida nas árvores. Segundo essa teoria, essa característica teria surgido nas espécies Danuvius guggenmosi que, ao contrário dos orangotangos e gibões, que usam muito os braços para locomoção, tinham membros posteriores que se mantinham retos e eram sua principal estrutura locomotora.

Por fim, o salto é um modo de locomoção rápido e energeticamente eficiente, e surgiu mais de uma vez entre os mamíferos, ligado ao bipedismo. Saltar sobre membros posteriores grandes fornece uma vantagem energética por meio do armazenamento de potencial elástico de energia.

Por tudo isso, o bipedismo e a postura ereta surgiram como forma de evolução em determinadas espécies para garantir sua sobrevivência.

Exemplos de animais bípedes e suas características

Depois de revisar a definição de animais bípedes, ver as diferenças com os animais quadrúpedes e como surgiu essa forma de locomoção, é hora de conhecer alguns dos exemplos mais destacados de animais bípedes:

Ser humano (Homo sapiens)

No caso dos humanos, acredita-se que o bipedismo foi selecionado principalmente como uma adaptação para deixar as mãos totalmente livres para conseguir alimentos. Com as mãos livres, tornou-se possível o comportamento de criar ferramentas.

O corpo humano, totalmente vertical e com locomoção totalmente bípede, passou por abruptas renovações evolutivas até atingir sua condição atual. Os pés deixaram de ser partes do corpo com possibilidade de manipulação para se tornarem estruturas totalmente estáveis. Isso aconteceu a partir da fusão de alguns ossos, mudanças nas proporções de tamanho de outros e o aparecimento de músculos e tendões. Além disso, a pelve foi alargada e os joelhos e tornozelos se alinharam abaixo do centro de gravidade do corpo. Por outro lado, as articulações dos joelhos se tornaram capazes de girar e travar completamente, permitindo que as pernas permanecessem eretas por longos períodos de tempo sem causar muita tensão nos músculos posturais. Finalmente, o tórax encurtou da frente para trás e se alargou para os lados.

Lebre-saltadora (Pedetes capensis)

Este peludo roedor de 40 cm de comprimento possui uma cauda e orelhas compridas, características que nos lembram as lebres, embora não esteja de fato relacionado com elas. Seus membros dianteiros são muito curtos, mas os traseiros são longos e robustos, e ele se move através de saltos. Em caso de apuros, ele pode atravessar entre dois e três metros em um único salto.

Canguru-vermelho (Macropus rufus)

É o maior marsupial existente e mais um exemplo de animal bípede. Esses animais não são capazes de se deslocar andando, e só conseguem fazer isso por meio de saltos. Eles realizam os saltos usando as duas pernas traseiras ao mesmo tempo, e podem atingir uma velocidade de até 50 km/h.

Eudibamus cursoris

É o primeiro réptil em que se observou a locomoção bípede. Atualmente está extinto, mas viveu no final do Paleozóico. Tinha cerca de 25 cm de comprimento e andava nas pontas de seus membros posteriores.

Basilisco (Basiliscus basiliscus)

Alguns lagartos, como o basilisco, desenvolveram a capacidade de usar o bipedismo em alguns momentos de necessidade (bipedismo facultativo). Nessas espécies, as mudanças morfológicas são sutis. O corpo desses animais continua a manter um equilíbrio horizontal e quadrúpede. Entre os lagartos, a locomoção bípede é realizada principalmente quando eles estão se movendo direcionados a um objeto pequeno e é vantajoso ter um amplo campo visual, e não tanto quando direcionados para um objeto que é muito largo e o qual não é necessário manter na mira.

O Basiliscus basiliscus é capaz de correr usando apenas as pernas traseiras e atingir velocidades tão altas que lhe permitem correr na água sem afundar.

Avestruz (Struthio camelus)

Esta ave é o animal bípede mais rápido do mundo, podendo atingir até 70 km/h. Não apenas é a maior ave que existe, como também possui as pernas mais longas em relação ao seu tamanho e tem o maior comprimento de passada ao correr: 5 metros. O grande tamanho de suas pernas em proporção ao corpo, e a disposição de seus ossos, músculos e tendões, são as características que geram neste animal uma passada longa e uma alta frequência de passada, resultando em sua alta velocidade máxima.

Pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus)

Esta ave possui membranas interdigitais nas patas, e sua locomoção terrestre é lenta e ineficiente. Porém, sua morfologia corporal possui um design hidrodinâmico, podendo atingir até 45 km/h ao nadar.

Barata-americana (Periplaneta americana)

A barata-americana é um inseto e, portanto, tem seis patas (pertence ao grupo Hexapoda). Esta espécie é especialmente adaptada para a locomoção em alta velocidade, e desenvolveu uma capacidade de se mover sobre duas pernas, atingindo uma velocidade de 1,3m/s, o que é equivalente a 40 vezes o comprimento de seu corpo por segundo.

Foi descoberto que essa espécie apresenta diferentes padrões de locomoção, dependendo da velocidade com que está se deslocando. Em velocidades baixas, ele usa uma marcha trípode, usando três de suas pernas. Em altas velocidades (superiores a 1 m/s), ela corre com o corpo elevado do solo, e com a parte anterior elevada em relação à posterior. Nessa postura, seu corpo é impulsionado principalmente pelas longas pernas traseiras.

Outros animais bípedes

Como dissemos, existem muitos animais que andam sobre duas pernas, e abaixo mostramos uma lista com mais exemplos:

  • Suricatos
  • Chimpanzés
  • Galinhas
  • Pinguins
  • Patos
  • Cangurus
  • Gorilas
  • Babuínos
  • Gibões

Se deseja ler mais artigos parecidos a Animais bípedes - Exemplos e características, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Curiosidades do mundo animal.

Bibliografia
  • Böhme, M., Spassov, N., Fuss, J., Tröscher, A., Deane, A. S., Prieto, J., Kirscher, U., Lechner , T. & Begun, D. (2019). A new Miocene ape and locomotion in the ancestor of great apes and humans. Nature 575, 489–493.
  • Clemente, C. J. (2014). The evolution of bipedal running in lizards suggests a consequential origin may be exploited in later lineages. School of Biological Sciences, University of Queensland, Queensland.
  • Full, R. J. & Tu, M. S. (1991). Mechanics of a rapid running insect: two-, four-, and six-legged locomotion. J. exp. Biol. 156, 215-231. The Company of Biologists Limited.
  • Lloyd Du Brul, E. (1962). The General Phenomenon of Bipedalism. American Zoologist, Vol. 2, No. 2. pp. 205-208. Oxford University PressStable.
  • McGhee, G. R. (2011). Convergent Evolution: Limited Forms Most Beautiful. The MIT Press. Cambridge, Massachusetts. London, England.